03.04.2013 Views

FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF

FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF

FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Assim é que o famoso engenho de Santana, mencionado anteriormente, acrescentava no<br />

século XIX ao seu parque industrial, um engenho de socar café (Ressureição, 2002, p.62).<br />

Segundo Maria Petrone, já em 1836, essa produção assumia um volume significativo, não<br />

apenas em relação às demais culturas da região, mas mesmo frente à outras áreas produtoras<br />

da capitania (1968ª). O desenvolvimento da cultura cafeeira no Vale do Paraíba também teria<br />

gerado a abertura de caminhos através da serra, muito provavelmente para o escoamento da<br />

produção e para o abastecimento de seus bens mais preciosos de produção: os escravos.<br />

Pasquale Petrone em seu estudo sobre os caminhos e o povoamento da capitania paulista<br />

entre os século XVIII e XIX, nos lembra:<br />

É preciso frisar que quando se fala em caminho de São Paulo isso não<br />

significa, necessariamente, que fosse utilizado o caminho do mar para<br />

Santos. Na época já outros vários caminhos se tinham definido através<br />

da Serra do Mar, especialmente a partir de pontos situados no vale do<br />

Paraíba, de modo que uma grande parte do movimento de cargas se<br />

fazia por seu intermédio (Petrone, 1965, p.79).<br />

Um desses caminhos, e que nos interessa de forma particular, foi o chamado “Caminho do<br />

Padre Dória”. Aberto em 1832, o caminho “[...] galgava a Serra do Mar, mesmo em frente à<br />

cidade e ia ter à freguesia de São José do Paraitinga [atual Salesópolis]” (Almeida, 1959,<br />

p.165). É possível que via de circulação esteja relacionada com o vastíssimo sítio arqueológico<br />

de São Francisco, atualmente estudado pelo arqueólogo Wagner Bornal. Não é por acaso que<br />

o Padre Dória foi o chefe da ordem franciscana em São Sebastião por esse período. Em 1854,<br />

106 fazendas e mais de dois mil escravos cultivavam café na região de São Sebastião,<br />

produzindo 86 mil arrobas (Calux, 2003, p.30).<br />

Esses caminhos de conexão com o Vale do Paraíba logo teriam, também, uma outra serventia.<br />

Com a proibição do tráfico negreiro com a lei Eusébio de Queiroz em 1850, a região entre<br />

Bertioga e São Sebastião conheceu o desenvolvimento de uma intensa prática de contrabando<br />

que se manifestava nas ilhas e nas praias isoladas e bem abrigadas de seu litoral recortado.<br />

Assim, a historiadora Emília Viotti aponta em seu trabalho Da Senzala à Colônia, a “[...]<br />

existência de barracões destinados a receber contrabando de escravos localizados em vários<br />

pontos do litoral paulista: Iguape, Cananéia, Ubatuba, Caraguatatuba e São Sebastião [...]”<br />

(1989, p.79). Jaime Rodrigues detalha um pouco mais essas informações e afirma que:<br />

“Suspeitas e boatos eram constantes, e provinham de diversos pontos da costa paulista, como<br />

Caraguatatuba, Saí, Itanhém, Boracéia, Guaratuba, Peruíbe, Ubatuba, Iguape, Juquiá,<br />

Paranaguá e Guaraú [...]” (Rodrigues, 2000, p.147).<br />

Mas são Ana Maria Boccia e Eneida Malerbi que analisam uma interessante documentação<br />

primária relativa a diversas investigações realizadas em 1856 pelas autoridades brasileiras nas<br />

praias desse litoral norte. Essa documentação revela que as suspeitas recaíam fortemente<br />

sobre as “[...] prayas denominadas toque-toque grade, Palheta, Toque-toque pequeno,<br />

Prainha de Sant’Iago, Inhapahú, Maresia, Boissucanga, Cambury, Sahy e Juqeri [...]” (apud<br />

BOCCIA; MALERBI, 1977, p.350), que haviam sido selecionadas para serem investigadas.<br />

Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL 273

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!