FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF
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A elles se ajuntaram mais alguns portuguezes, seus agregados, porque<br />
a terra era boa. Os inimigos Tupin-Inbás logo que isso descobriram se<br />
prepararam na sua terra dalli distante cerca de 25 milhas (Ubatuba) e<br />
vieram uma noite com 70 canoas e, como de seu costume, atacaram<br />
de madrugada. Os mamelucos e os portuguezes correram para uma<br />
casa que tinham feito de pau a pique, e ahi se defenderam. Os outros<br />
selvagens fugiram para suas casas e resistiram o quanto puderam [...]<br />
Mas por fim venceram estes e incendiaram a Brikioka [...] (apud,<br />
SANTOS, 1948, p.14-15).<br />
A casa forte levantada pelos irmãos Braga e seus agregados, segundo consta, ficava<br />
exatamente na região do forte São João, junto à barra da Bertioga (Santos, 1948, p.10). Fica<br />
claro, portanto, que na região da atual cidade de Bertioga, já havia por essa data, um núcleo<br />
de ocupação que congregava portugueses, mamelucos e indígenas e que, muito<br />
provavelmente, deveriam ter iniciado roças de mantimentos e possivelmente culturas de<br />
canas de açúcar. Essa ocupação certamente estaria circunscrita aos locais mais próximos da<br />
barra, não devem ter se adentrado muito em direção ao norte. A destruição da casa não<br />
esmoreceu as intenções colonizadoras dos europeus que decidiram reocupar o local,<br />
ampliando e melhorando seu sistema de fortificação com a instalação do forte de São Felipe.<br />
Mais uma vez, nas palavras de Hans Staden:<br />
Depois disto pensaram as autoridades e o povo que era bom não<br />
abandonar este logar, mas que cumpria fortifica-lo [...] Por causa<br />
disso, deliberaram os moradores edificar outra casa ao pé da água, e<br />
bem defronte de Brikioka, e ahi collocar canhões e gente para impedir<br />
os selvagens [...] Contratei com elles para servir quatro mezes na casa<br />
[...] (apud, Santos, 1948, p.15).<br />
Em 1557 o sistema era ampliado com a construção da fortaleza de São Thiago (depois São<br />
João) (Santos, 1948, p.22). Apesar de tradicionalmente apresentada como uma área de<br />
defesa, pela historiografia paulista, o estabelecimento de Bertioga e suas fortificações<br />
precisam ser vistos também como pontos de ataque e de captura de braços indígenas para as<br />
lavouras de Santos, São Vicente e do Planalto. Assim, as fortificações certamente<br />
funcionavam também como centros irradiadores de expedições de apresamento que tinham<br />
como principal área de atuação, o litoral ao norte que era, como vimos, controlado pelos<br />
tupinambás. Como descrito no cenário anterior, pelo menos duas expedições foram lançadas<br />
contra os aldeamentos do litoral norte, no período em que Hans Staden passou cativo das<br />
tribos de Ubatuba, e a aldeia de Mambucaba havia sido queimada pelos atacantes (Staden,<br />
1942, p.82). Desse modo, diferentemente de como têm sido apresentado até então, a região<br />
do litoral norte paulista não deve ser entendida como uma área fora do processo de<br />
colonização, um sertão bravio e sem função, mas sim como uma área de produção onde o<br />
principal elemento a ser buscado era o próprio indígena.<br />
Com o estabelecimento da paz de Iperoig (1563-64), que pôs fim à ameaça da “Confederação<br />
dos Tamoios”, o que se observou foi um importante crescimento das atividades no entorno do<br />
sítio da fortaleza, com o estabelecimento de novos ocupantes e a reorganização de antigos<br />
Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL 267