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ANFÍBIOS E RÉPTEIS
Devido à tradição implantada por Linnaeus no século XVIII, anfíbios e répteis são agrupados
em uma disciplina única de estudo denominada herpetologia. Apesar de representar um
agrupamento extremamente artificial, herpetólogos e instituições de ensino e pesquisa em
biodiversidade no mundo todo mantêm a tradição Linneana em suas classes e coleções. A
herpetologia abrange os clados atuais Lissamphibia e parte dos Amniota. O primeiro inclui os
anfíbios modernos, distribuídos nas ordens monofiléticas Anura, Caudata e Gymnophiona,
enquanto que o segundo contém os clados Testudines, Crocodylia e Squamata, todos
pertencentes à irradiação monofilética dos Sauropsida (ou Reptilia). Lagartos, anfisbênias e
serpentes pertencem à linhagem dos Squamata, o grupo mais diversificado dos répteis atuais.
São conhecidas no mundo mais de 6.000 espécies de anfíbios e aproximadamente 8.200
espécies de répteis (Tabela 16). No Brasil, foram registrados até o momento 776 espécies de
anfíbios e 641 de répteis (SBH, 2005), representando 13% e 8% de todas as espécies mundiais,
respectivamente. Grande parte dessa biodiversidade está concentrada nos dois biomas
florestados do Brasil: a Hiléia Amazônica e a Mata Atlântica, que abrigam 734 e 567 espécies
de anfíbios e répteis, respectivamente. Apesar de altos, estes números não refletem a real
diversidade desses biomas, que ainda estão muito mal amostrados. Por outro lado, os
recentes esforços amostrais direcionados para o bioma do Cerrado permitiram a elaboração
de uma lista bem mais detalhada da sua diversidade, que alcança atualmente 290 espécies
das quais 115 são anfíbios e 175 são répteis. O bioma brasileiro menos diverso é o da Caatinga
semi-árida, que totaliza 148 espécies de anfíbios e répteis.
Tabela 16. Número de espécies de anfíbios e répteis registrados no mundo, no Brasil e
em vários biomas brasileiros.
Grupo Mundo Brasil Amazônia Mata Atlântica Cerrado Caatinga
Anfíbios 6009 776 337 370 115 47
Répteis 8240 641 397 197 175 101
Total 14.249 1.417 734 567 290 148
Fontes: Haddad (1998), Marques et al. (1998), Frost (2007), SBH (2005), Uetz et al. (2006), Rodrigues
(2003).
Embora anfíbios e répteis tenham uma taxonomia bem estruturada, seu conhecimento é ainda
bastante incompleto no Brasil. Enquanto 80% dos trabalhos de inventários no Brasil tratam de
aves e mamíferos, a herpetofauna, juntamente com a ictiofauna dividem os 20% restantes
(Lewinsohn & Prado, 2002).
A análise das comunidades de répteis e anfíbios representa um passo indispensável na
elaboração de um diagnóstico sócio-ambiental, já que estes grupos representam uma porção
significativa da riqueza local de espécies em qualquer localidade.
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