FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF
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A partir de meados do século XVIII, e mais ainda com a influência da política<br />
desenvolvimentista do Morgado de Matheus estabelecido como governador da capitania em<br />
1765, o que observamos foi um rápido crescimento da cultura canavieira (Petrone, 1968b,<br />
p.23; Calux, 2003, p.29). Do ponto de vista locacional, segundo as palavras de Pasquale<br />
Petrone:<br />
O desenvolvimento econômico fundamentado na lavoura canavieira se<br />
fez principalmente ‘na área central da capitania, entre os rios Mogi,<br />
Piracicaba e Tietê, grosseiramente [...] Além disso interessava,<br />
secundariamente, o litoral norte, nas áreas de Ubatuba e São<br />
Sebastião (PETRONE, 1965, p.97).<br />
Assim, como bem observou Ramón Fernández em sua análise sobre as transformações<br />
econômicas históricas vinculadas a essa região: “O Litoral Norte, mediante a navegação de<br />
cabotagem, estava em condições de atender à crescente demanda de açúcar e aguardente da<br />
Capital, tanto para consumo próprio quanto para reexportação” (Fernández, 1992, p.54-55).<br />
Com a mineração e o desenvolvimento das lavouras açucareiras, cada vez mais braços eram<br />
necessários nas atividades de produção/extração e, como sabemos, o aguardente era a<br />
principal moeda de troca no comércio escravista com as costas da África.<br />
O impulso na economia foi tal que Manuel Cardoso de Abreu, escrevendo em 1783 afirmava<br />
categoricamente que “[...] os moradores como são os das vilas de S. Sebastião e Ubatuba,<br />
vivem de fumos, pescarias e águas ardentes, que vendem na cidade do Rio de Janeiro” (apud,<br />
Petrone, 1968ª, p.27). Segundo a historiadora Maria Thereza Petrone, o litoral mais ao norte<br />
de São Sebastião teria se especializado na plantação de cana para a produção quase que<br />
exclusiva de aguardente (Figura 49), enquanto que a região ao norte de Santos, até São<br />
Sebastião, teria desenvolvido uma economia açucareira mais florescente, que mesclava o<br />
açúcar e produção de aguardente (Petrone, 1968ª, p.26-27).<br />
O resultado desse processo foi o estabelecimento de uma série de engenhos e engenhocas no<br />
litoral norte, destinados à produção de açúcar e aguardente. Um dos mais antigos registrados<br />
é o engenho de Santana, em São Sebastião, datado de 1743 (Lemos, 1989, p.27). Essas<br />
unidades produtivas reorganizaram sob novas bases as formas espaciais da produção e<br />
ocupação do território litorâneo. Anteriormente baseada na fragmentação, na policultura e<br />
na formação de pequenas unidades produtivas, agora o que se via era o surgimento de<br />
grandes lavouras especializadas, cultivadas com uma vasta mão-de-obra escrava, e baseadas<br />
em complexas e diversificadas estruturas materiais de produção. A descrição material de tais<br />
ocupações fica por conta de Carlos Lemos, segundo quem, por esse período, o português:<br />
[...] fez construções rurais acolhendo sob uma só cobertura a casa da<br />
morada, a capela, os quartos de hóspedes e o próprio engenho de<br />
açúcar com suas inúmeras dependências de beneficiamento e produto.<br />
Foi o que aconteceu nos engenhos implantados no litoral entre Rio e<br />
Santos, principalmente na área de São Sebastião [...] (1989, p.26-27).<br />
Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL 271