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FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF

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Hans Staden, sendo prisioneiro dos Tupinambás, só conseguiu relatar as rotas e os<br />

acampamentos de seus captores; entretanto, em suas memórias, não deixa de comentar: “Eu<br />

já havia dito que os amigos dos portugueses, os tupiniquins, mesmo antes do meu<br />

aprisionamento planejavam uma expedição guerreira contra os tupinambás. Agora vieram eles<br />

com vinte e cinco canoas e assaltaram uma manhã a aldeia” (1942, p.102). Esse foi o primeiro<br />

de dois ataques registrados por esse cronista enquanto esteve prisioneiro dos tupinambás<br />

dessa região, sendo o segundo, o famoso embate marítimo ocorrido nas ilhas ao sul do<br />

Boiçucanga. Exatamente em que locais esses acampamentos tupiniquins ocorriam, não<br />

sabemos, mas as regiões litorâneas mais distantes, como Juréia, Barra do Una, Juquey, Barra<br />

do Shay, entre outras parecem ser os locais mais óbvios devido à sua maior proximidade com<br />

o território tupinambá e por permitirem a realização de uma etapa maior de viagem a partir<br />

da Bertioga.<br />

No que se refere à composição desses acampamentos, sabemos, pelo mesmo relato de<br />

Staden, que eles diferiam dos sítios de aldeias então existentes. As xilogravuras que<br />

acompanham o seu texto, são extremamente claras nesse sentido, demonstrando que os<br />

acampamentos, como seria de se esperar, não possuíam uma organização tão rígida e<br />

careciam de espaço mais específicos para rituais e cerimônias políticas. Enquanto as aldeias<br />

descritas e desenhadas por Staden apresentam uma clara ordenação espacial, com a praça<br />

ritual ao centro e encontram-se delimitadas por paliçadas protetoras (Staden, 1942, p.155-<br />

156), os acampamentos apresentam estruturas esparsas, individuais e entrecortadas por<br />

trechos de vegetação. Apesar disso, os acampamentos apresentam uma importante<br />

estruturação, que transcende o simples uso momentâneo ou a prática de simples fogueiras e<br />

abrigos temporários. Hans Staden comenta muito claramente que em seu primeiro<br />

acampamento, já existiam estruturas, previamente, construídas pelos indígenas. Da mesma<br />

forma, após a vitória sobre os tupiniquins, os vencedores levam para suas choças, os escravos<br />

aprisionados. Aqui, as xilogravuras (Figuras 46A e 46B) são muito claras ao demonstrar a<br />

presença de estruturas de habitação e áreas de preparo da alimentação e de rituais<br />

antropofágicos. É bem possível que tais acampamentos não fossem apenas reflexos de uma<br />

atividade guerreira, mas que servissem, também, como pontos sazonais de caça, pesca e<br />

coleta, utilizados pelas aldeias litorâneas em suas ações cotidianas. Relembrando as palavras<br />

de André Prous: “Todos os indígenas moravam na aglomeração central, a não ser durante<br />

breves períodos de pesca ou guerra, durante as quais a população podia se dividir” (PROUS,<br />

1992, p.414-415).<br />

A título de conclusão, podemos afirmar que a região entre Bertioga e São Sebastião, se não<br />

conheceu assentamentos permanentes das sociedades horticultoras-ceramistas tupi, foi, por<br />

outro lado, intensamente utilizada e aproveitada como zona de captação de recursos e de<br />

interação social, pelas comunidades indígenas estabelecidas ao longo do litoral. Constituí esta<br />

uma hipótese a ser testada com os levantamentos de campo.<br />

No sertão entre a Boracéia e a Região do Una existe a aldeia do Rio Silveira. De origem<br />

Guarani, a aldeia foi para aí transferida na segunda metade do século XX e, apesar de não<br />

apresenta relação direta com os antigos habitantes tupinambás, do século XVI, mantém<br />

íntimas relações com a cultura “pan-brasileira” identificada como tupiguarani.<br />

264 Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL

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