FAZER CAPA COLORIDA GERAL DO PLANO DE MANEJO ... - WWF

Tínhamos levado três dias de caminho e percorrido de Bertioga, onde
eu tinha sido aprisionado, trinta milhas. Quando nos aproximamos,
vimos uma pequena aldeia de sete choças. Chamavam-na Ubatuba
(Staden, 1942, p.84-87).
O estudo de Kloster sobre a geografia dessa viagem indica que o primeiro acampamento teria
sido realizado na porção continental de São Sebastião, o segundo, em um local chamado
Ocaraçú, na região do atual território de Ubatuba, e o terceiro, seria a própria aldeia que,
apesar de identificada como Ubatuba, estaria localizada na região da Baía de Ilha Grande, no
atual Estado do Rio de Janeiro (Staden, 1942, p.88).
Ainda prisioneiro, Hans Staden relata uma segunda viagem, organizada pelos Tupinambás para
atacar o território tupiniquim e que realizou o percurso inverso; mais uma vez, relata o
freqüente estabelecimento de pousos e o embate com uma frota de canoas de portugueses e
tupiniquins. Segundo sua narrativa:
Tinham a intenção de dirigir-se para a região de Bertioga [...] Uma
noite acampamos num lugar que também se chama Ubatuba [...]
Quando estávamos ainda a um dia de viagem distante da povoação
que queriam atacar, acamparam numa capoeira em frente duma ilha,
que é chamada pelos portugueses São Sebastião e pelos selvagens,
Maembipe [...] Minha intenção era fugir-lhes, quando chegássemos a
Boiçucanga, pois o sítio, em que me haviam aprisionado, distava dela
apenas seis milhas [...] [e após o conflito] Remávamos então tão
depressa quanto podíamos, de volta para a terra, a-fim-de
acamparmos novamente no mesmo sítio que a noite passada [...] em
Maembipe. Levou aí cada um seu prisioneiro para a sua cabana [...]
Poderia bem fugir, pois estávamos em frente à ilha Maembipe,
distante apenas cerca de dez milhas de Bertioga [...] No dia seguinte
chegamos a um alto promontório, chamado Ocaraçú e que não fica
distante da terra dos tupinambás. Os selvagens acamparam para aí
passar a noite. Fui à choça de Cunhambebe [...] Ao terceiro dia
voltamos para sua terra [...] (Staden, 1942, p.124-133).
É certo que as referências dos pousos estabelecidos pelos indígenas referem-se à regiões
localizadas de São Sebastião para o norte. Entretanto, precisamos considerar que a
preferência pela escolha desses locais está relacionada muito provavelmente, com a divisão
territorial mencionada anteriormente, que se materializava nas proximidades de Boiçucanga,
como visto. Isso, no entanto, não impossibilita que em outras oportunidades tais incursões se
utilizassem de outros locais, menos interessantes, mas que se apresentavam como
possibilidades frente às diferentes necessidades e adversidades. Além disso, as expedições
contrárias, movidas pelos tupiniquins contra os assentamentos tupinambás, deveriam realizar
o mesmo tipo de parada, dessa vez em áreas localizadas preferencialmente ao sul de
Boiçucanga, ou seja, exatamente a porção territorial de maior interesse para o projeto.
Módulo PATRIMÔNIO CULTURAL 263