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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 5 - O FEDERALISMO REPUBLICANO 129<br />

dívida externa 57,3 milhões, e nos sobravam portanto 9,9 milhões para aplicar em<br />

necessidades internas e também externas. Isto significa, em suma, que no decênio<br />

1881-90, o serviço da dívida absorveu 99% dos recursos hauridos com a<br />

exportação, e no decênio seguinte absorveu 85%. Assim, o esforço para conseguir<br />

saldos na balança de mercadorias destinava-se a ser empregado no serviço da<br />

dívida externa, era restituído ao exterior." 11<br />

A pergunta crucial que ocorre perante o quadro descortinado pelas contas<br />

acima é: de que forma o federalismo poderia ter constituído uma resposta,<br />

ou um encaminhamento que fosse, para solver essa situação, cuja raiz<br />

estava, eminentemente, na política econômica nacional?<br />

As propostas político-administrativas de reforma do Estado sequer tocavam<br />

no problema. Os documentos políticos mais veementes a favor do federalis-<br />

mo passavam ao largo do tema. Perdiam-se floreios de oratória, como em<br />

Rui Barbosa. 12 Em Nabuco, procuravam na responsabilidade advinda com<br />

o cargo eletivo a chave para a recuperação da boa administração. No Partido<br />

Republicano Paulista, buscavam na geografia os argumentos de um 'destino<br />

manifesto' de caráter federal para o país. 13<br />

Mas foi a busca de uma fundamentação 'científica' das proposições federa-<br />

listas é que talvez produziu o que há de mais ridículo na produção<br />

11<br />

Sodré (1956) p.262. Como sinal de continuidade, em data recente um estudo de Batista<br />

Jr. indicou como cifra previsível um desequilíbrio em conta corrente próximo a<br />

US$ 25 bilhões para o ano de 1997; valor equivalente a algo como 50% das exportações.<br />

(cf. Opinião Econômica, Folha de São Paulo, 24 de outubro de 1996) .<br />

12<br />

"...Queremos uma federação sem plágio, uma federação absolutamente original, nunca<br />

experimentada, virgem como um sonho de poeta, impecável como uma solução matemática,<br />

fechada ao ar livre da realidade, que deve saná-la impregnando-a no ambiente<br />

da união, uma federação, em suma encerrada implacavelmente no princípio da soberania<br />

dos Estados..." etc. Obras completas de Rui Barbosa - vol. XVIII. Em Oliveira<br />

Torres (1961), p.23<br />

13<br />

"No <strong>Brasil</strong>, antes ainda da idéia democrática, encarregou-se a natureza de estabelecer<br />

o princípio federativo..." Manifesto republicano de 3 de dezembro de 1870. In<br />

Kugelmas (1986), p.29

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