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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 2 - AS FUNÇÕES DOS MUNICÍPIOS<br />

"A política portuguesa para o <strong>Brasil</strong>, em meados do século XVI, procurava<br />

utilizar ao máximo os recursos de particulares - colonos e donatários - sem<br />

prejudicar os programas das Índias, que ocupavam então o melhor de seus<br />

esforços. Pode-se afirmar que o estabelecimento do regime das Capitanias,<br />

estimulando a fixação de europeus nas novas terras, visava alcançar não apenas a<br />

sua ocupação mas também a <strong>urbanização</strong>, como a solução mais eficaz de<br />

colonização e domínio. (...) Como resultado dessa política, das trinta e sete povoações<br />

entre vilas e cidades, fundadas entre 1532 e 1650, apenas cerca de sete o<br />

seriam por conta da Coroa, cabendo as demais aos donatários e seus colonos..." 4<br />

A condição colonial impôs, da mesma forma, a reinterpretação das atribui-<br />

ções originais dos próprios Concelhos. Manteve-se, por exemplo, seu<br />

caráter oficial, de corpos de funcionários do Rei; responsáveis,<br />

simultaneamente, pela administração da justiça, pela defesa militar e pela<br />

cobrança dos impostos. Mas a função de seus dignatários, dos 'homens<br />

bons' que aqui ocuparam os cargos do Concelho, não se restringia à<br />

administração das terras concedidas em sesmarias, com vistas a compor o<br />

erário real e assegurar o abastecimento de gêneros ao país. 5 Somaram a<br />

essas funções originais da administração municipal a promoção, em<br />

proveito partilhado com o Reino, do próprio empreendimento colonizador.<br />

Donos das terras de cultivo, através da figura do Concelho impuseram-se<br />

não só como administradores, mas, simultaneamente, como os próprios<br />

feitores da colonização.<br />

A distinção acima é claramente explicitada em São Paulo: 1554-1880, de<br />

Janice Theodoro da Silva (1984). Centrando suas atenções na fundação de<br />

São Paulo, o estudo da autora trata da implantação das vilas no primeiro<br />

momento da colonização como da própria transposição para o espaço da<br />

colônia das insígnias da dominação colonial. É à sombra de todo o aparato<br />

simbólico mobilizado para sua implantação e manutenção, primeiramente<br />

4 Reis Filho (1968), pp.66-7.<br />

5 O abastecimento interno da Colônia, aliás, sempre foi preterido em proveito da<br />

produção dos gêneros comerciais.<br />

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