Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
brás e Embratel, além de outras empresas públicas a que se garantiu verbas<br />
significativas, deveriam não só cumprir uma função estratégica própria, mas<br />
fomentar, simultaneamente, a expansão de numerosas realizações de capital<br />
privado.<br />
Entretanto, continuava inexistindo no país a base de sustentação para uma<br />
reorientação desse quilate do projeto econômico nacional, e que supunha,<br />
sobretudo, uma continuidade temporal para não se deitar fora seus ganhos.<br />
Lançado em 74, em pouco tempo os objetivos do II PND passaram a ser<br />
confrontados pelos representantes dos interesses econômico-financeiros do-<br />
minantes. Assim, apesar dos incentivos, pressões, e esforços no sentido de<br />
sua manutenção, já em 1976 a equipe ministerial responsável constatava um<br />
nítido arrefecimento dos investimentos privados nos setores que o Plano<br />
apontava como estratégicos. O apoio negociado da elite empresarial<br />
nacional foi pouco a pouco esvaziado, iniciando-se, simultaneamente, uma<br />
campanha de descrédito do próprio Plano, acusado de perseguir uma<br />
"industrialização a qualquer custo" 18 . As denúncias de 'estatismo socialista'<br />
por parte da imprensa liberal acabaram forçando seu abandono, ainda que<br />
não declarado. O ciclo de investimentos na infraestruturação produtiva do<br />
país foi novamente interrompido, celebrando-se em 79, com Delfim Neto, a<br />
'volta ao mercado', uma clara resposta ao objetivo declarado do II Plano<br />
Nacional de Desenvolvimento, a saber, o de "não se delegar ao mercado a<br />
condução de decisões econômicas". 19<br />
A bandeira da 'volta ao mercado' ainda esta vez não correspondia ao<br />
processo real de atuação do Estado brasileiro na economia. O abandono do<br />
II PND não visava assegurar exclusividade aos mecanismos de regulação do<br />
mercado na condução da economia. Servia apenas para romper a<br />
consistência interna daquele plano de desenvolvimento, deixando-o como<br />
18<br />
Assim o relata Antonio Barros de Castro no trabalho citado Castro (1985). Uma<br />
explanação da estratégia de desenvolvimento contida no II PND se encontra em seu<br />
segundo capítulo.<br />
19 Ver, a respeito, Castro e Souza(1985): A economia brasileira em marcha forçada.