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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 7 - CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO 169<br />

essa diferença, ao identificar na ausência da revolução social o fator devido<br />

ao qual o país só pôde se constituir em um simulacro de estado burguês:<br />

"Entre nós, o rompimento com a Metrópole e a abertura para o mundo contemporâneo<br />

não foram acompanhados de revolução social, como é sabido, consistindo<br />

antes num arranjo de cúpula. Ficava intacto o imenso complexo formado por trabalho<br />

escravo, sujeição pessoal e relações de clientela, desenvolvido ao longo dos<br />

séculos anteriores, ao passo que administração e proprietários locais, sobre a base<br />

mesma desta persistência, se transformavam em classe dominante nacional, e<br />

mais, em membros da burguesia mundial em constituição, bem como em protagonistas<br />

da atualidade no sentido forte da palavra." 6<br />

Imenso complexo do trabalho escravo, sujeição pessoal, relações de clien-<br />

tela, administração e proprietários locais — intactos — transfigurando-se<br />

na estrutura de dominação nacional... A Independência não refez as rela-<br />

ções sociais precedentes, ampliou-as, meramente, para esferas mais amplas.<br />

O poder do Imperador não era diverso do poder de um proprietário escravista,<br />

apenas se exercia em outra escala. 7<br />

Na sequência da Constituição de 1824, do Ato Adicional e de sua revisão<br />

'regressista', é episódio conhecido do Império a tentativa do último Gabinete<br />

de Pedro II que, para salvar a Coroa, propunha de novo a descentralização<br />

municipalista. 8 No enfoque de Vitor Nunes Leal sobre o referido episódio, o<br />

6 Schwarz (1990), p.120.<br />

7<br />

"As relações sociais de apadrinhamento, informais, personalistas, em última análise patriarcais,<br />

geradas na dinâmica da unidade produtiva reproduzem-se, latu sensu, no<br />

Estado. Isso, antes de uma fraqueza mesma do aparelho estatal, foi o verdadeiro obstáculo<br />

a que se desenvolvessem instituições ‘...que representassem a coletividade de<br />

maneira impessoal e abstrata", principalmente no caso da administração da justiça,<br />

impondo que perdurasse mais longamente seu exercício privado.’ Malerba (1994),<br />

p.59. A citação intercalada é de Carvalho Franco (1974).<br />

8<br />

"A autonomia dos municípios era o paliativo que o Império oferecia nos seus últimos<br />

arrancos; e tal era a convicção de que servia mais à causa monárquica do que às aspirações<br />

republicanas, que Ouro Preto pôde responder à increpação de estar servindo

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