14.04.2013 Views

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

170<br />

BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />

municipalismo comparece como anti-federalismo, e federalismo como anti-<br />

municipalismo. 9 Essa posição do autor deriva de sua hipótese de que, tanto<br />

no Império quanto na República o que se buscava — sempre às custas do<br />

enfraquecimento dos municípios — era o fortalecimento de ordens<br />

superiores do poder (a provincial e a nacional) :<br />

"É sabido que o poder central, na Monarquia, não mantendo relações com o município,<br />

senão para o tutelar, assentava sua força política no mando incontrastável<br />

exercido pelos presidentes de província, delegados de sua imediata confiança.<br />

Consequentemente, o próprio poder central se consolidou através de um sistema<br />

de concentração do poder provincial, isto é, pelo amesquinhamento dos municípios.<br />

Não seria, pois, de estranhar que as províncias e, mais tarde, os Estados,<br />

quando procuraram reunir forças para enfrentar o centro, continuassem a utilizar o<br />

mesmo processo. Aliás, a tutela do município tinha em seu favor o peso da tradi-<br />

ção." 10<br />

Numa interpretação diversa de Vitor Nunes Leal, entendo que todo esse<br />

conjunto de movimentos: tanto o municipalismo quanto a corrente liberal,<br />

de base provincial, da elite, 11 a centralização do Segundo Reinado, a<br />

tentativa frustrada de descentralização no ocaso do Império, e também o fe-<br />

aos ideais revolucionários, dizendo que, pelo contrário, estava salvando a Monarquia."<br />

Castro Nunes (1920),p.68, citado em Leal (1949), p.99-100.<br />

9 Leal (1949), pp.99-101.<br />

10 Leal (1949),p.101, (minhas ênfases).<br />

11<br />

Conforme o apontam Viotti (1977) e também Werneck Sodré (1965), e abordado<br />

também no cap.6 deste trabalho, no movimento liberal do Primeiro Império e do<br />

período regencial havia a superposição de diversos interesses políticos. O primeiro, o<br />

da própria elite que, tendo assegurado com a monarquia a continuidade do regime<br />

escravista, visava recuperar sua própria esfera de controle sobre o processo<br />

econômico (assumindo a centralização só após as revoltas liberais populares da<br />

regência. Um outro, o das camadas populares das diversas províncias, para cuja vida<br />

o arranjo da Independência não representou nenhum ganho. E cujas revoltas liberais,<br />

em alguns casos chegando ao separatismo, foram derrotadas pelas forças da própria<br />

elite das respectivas províncias e das províncias vizinhas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!