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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />

de mecanismos por intermédio dos quais seu espaço tem sido negado,<br />

desestruturado, contingenciado; subordinando-se seu movimento de<br />

integração às condições de reprodução da sociedade de elite do país.<br />

Por seu caráter exemplar, ilustrativo, do acima posto, vale utilizar-se aqui,<br />

mais uma vez, da figura do município. Acompanhamos a formação dos mu-<br />

nicípios brasileiros como das bases espaciais da promoção e confirmação da<br />

conquista do território, e sua consolidação como as sedes locais da elite pro-<br />

prietária colonial. Seguimos, após a Independência, as articulações políticas<br />

dos membros dessa mesma elite em âmbito provincial, estadual, regional, à<br />

medida que o espaço nacional se formava; e sua atuação no sentido de<br />

configurar sempre em novas divisões político-administrativas seus<br />

interesses voltados à unificação — embora a mais retardada possível — do<br />

espaço. Vimos a continuidade histórica das contradições entre os<br />

localismos, os 'peculiares interesses' e as expressões (sempre abstratas) dos<br />

'interesses gerais da nação'. E o reforço crescente do municipalismo.<br />

Diversamente dos cuidados contínuos com a preservação formal das tradi-<br />

ções municipalistas, o quadro desenhado com a aceleração do processo de<br />

<strong>urbanização</strong> do país imporia, no entanto, a reinvenção do próprio conceito<br />

de município. Limpando-o, antes de tudo, da imagem falsa, mas persistente,<br />

de constituir a base territorial celular de uma vida econômica e de uma<br />

prática política, social ou cultural autônomas, desvinculadas do todo<br />

nacional. 7 Capacitando os municípios, por outro lado, simultaneamente a<br />

interpretar, efetivar e transformar, no âmbito de sua competência, e de<br />

acordo com sua especificidade, a política de <strong>urbanização</strong> nacional,<br />

contribuindo assim para a transformação dessa.<br />

7<br />

Pois, como já se assinalou anteriormente, a transposição do conceito da 'liberdade'<br />

como privilégio das cidades 'livres' da época feudal ao período histórico do<br />

capitalismo - em que, segundo o estatuto burguês de liberdade e de igualdade,<br />

formalmente todos são iguais e igualmente livres - carece de sentido. Do ponto de<br />

vista econômico, o quadro é similar. Em oposição aos mercados isolados das cidades

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