Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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Capítulo 1 - A ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO NA COLONIA 29<br />
área: em média, quatro por ano.(...) A viva sedução exercida em dado momento<br />
por toda a área, já livre da barreira indígena, ou a preocupação dos governos em<br />
mandar ocupá-la definitivamente, nela instalando órgãos locais de poder, tal como<br />
fora feito em Moji das Cruzes, explica a atribuição da autonomia municipal a<br />
esses núcleos com a ereção dos pelourinhos que a simbolizam. Surgem assim as<br />
vilas de Taubaté em 1643, em 1651 de Guaratinguetá, e em 1653 de Jacareí." 28<br />
Em outra passagem, pouco adiante, o autor parece confirmar, agora pela negativa,<br />
a fundação de vilas como de um mecanismo de antecipação de<br />
posses da terra. O caso se refere à demora na confirmação da elevação de<br />
Parati a vila, devido à oposição de Angra dos Reis:<br />
"fizeram (os habitantes e o concelho de Angra) tenaz oposição a toda tentativa de<br />
erigir-se vila num lugar povoado, segundo alegavam, de homens alevantados,<br />
onde já haveria sesmarias doadas, e que, segundo pretendiam, estava na<br />
jurisdição da Ilha Grande." 29<br />
O desenho sugerido pelo movimento de ocupação territorial do período colonial,<br />
cujos mecanismos principais se procurou apontar, é o da formação,<br />
ao longo do litoral, de um tecido tendente a se emendar, se não em um todo<br />
contínuo, mas provavelmente sem brechas significativas (ou de fácil acesso)<br />
para novas doações. A partir dessa frente relativamente compacta, os avanços<br />
pelo interior progrediam de forma mais descontínua, segundo diversas<br />
frentes de colonização. As diretrizes dessas cunhas em direção ao interior<br />
talvez tenham sido assinaladas, em suas linhas gerais, pela administração<br />
colonial (como parece ter sido o caso nas regiões onde se esperava<br />
encontrar jazidas minerais, e mesmo no seguimento de determinados cursos<br />
28 Holanda (op.cit.) p.242 .<br />
29<br />
Idem (op.cit.) p.247, (minhas ênfases). Esse mecanismo não deve ter sido incomum,<br />
portanto, a julgar também pela série de casos em que freguesias foram criadas e anuladas,<br />
anexadas ora a uma ora a outra vila, municípios compostos e decompostos em<br />
seu termo. Também pela surpreendente rapidez com que frequentemente à criação da<br />
freguesia se segue àquela da fundação da vila, assinalando como que uma pressa dos<br />
interessados em passar ao seu controle direto.