Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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Capítulo 6 - A QUESTÃO DA REGIONALIZAÇÃO E O(S) REGIONALISMO(S) 147<br />
Interessa, pois, esclarecer do que mesmo estamos falando ao falar de<br />
regiões, ou, sobretudo, ao calcar nelas políticas e planos de organização do<br />
espaço.<br />
Em livro datado de 1984, dedicado ao tema da organização espacial da pro-<br />
dução, Massey deu uma das contribuições teóricas mais significativas para<br />
esse campo designado como de estudos regionais. Partindo da análise de di-<br />
versos trabalhos que tinham por tema a interpretação daquela radical<br />
reestruturação da geografia da produção que desde a década de 60 estava<br />
em curso na Inglaterra, ao longo de um trabalho metódico de<br />
desdobramento dos fatores intervenientes no processo de diferenciação do<br />
espaço, a autora não só faz uma leitura crítica dos pressupostos teórico-<br />
metodológicos dos estudos regionais na geografia 4 ; reconstrói,<br />
simultaneamente, o próprio conceito de região.<br />
Ao longo do desenvolvimento do estudo o foco da atenção paulatinamente<br />
se desloca do 'objeto' região (que, na acepção de Massey é, simplesmente, a<br />
expressão de desigualdade geográfica) para se aprofundar no entendimento<br />
do que constitui a singularidade de cada local, melhor, seu processo de<br />
determinação. 5 E retornar, então, à noção da região como à síntese, em um<br />
3 Aspecto a ser abordado com mais detalhes no Cap.8 a seguir.<br />
4<br />
Sua crítica abrange as correntes que, tendo abandonado as análises empíricas, se voltavam<br />
para a busca de 'leis' genéricas e abstratas através das quais as transformações<br />
espaciais pudessem ser previstas; quanto aquelas abordagens que partiam de princípios<br />
genéricos e abstratos para confirmá-los pela empiria. Em relação a esses últimos,<br />
e detendo-se especificamente na generalização indevida de asserções de Marx acerca<br />
da tendência da concentração espacial crescente, comenta: "Seria incorreto deduzir de<br />
tais passagens que Marx tinha uma posição desenvolvida no sentido de que a tendência<br />
dominante dentro do desenvolvimento geográfico do modo de produção capitalista<br />
era no sentido da centralização e da desigaldade. O que ele fez foi apontar algumas<br />
diferentes — e contraditórias — forças que o desenvolvimento do capitalismo<br />
poderia fazer surgir."Massey (1984), p.46, (T.do A.).<br />
5<br />
A categoria do singular é trabalhada desde a filosofia grega clássica, em sua oposição<br />
dialética ao geral. Seu conceito estabelecido por Marx é assim apresentado em Chaui