Brasil: urbanização e fronteiras - USP
Brasil: urbanização e fronteiras - USP
Brasil: urbanização e fronteiras - USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
186<br />
BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
O declínio do movimento industrialista de 30 foi imposto com o fim do<br />
Estado Novo, apoiado, outra vez, no discurso liberal. Conforme Boris<br />
Fausto:<br />
"A intervenção estatal foi condenada, e os controles estabelecidos pelo Estado<br />
Novo foram sendo abolidos. Passou-se a acreditar que o desenvolvimento do país<br />
e o fim da inflação gerada nos anos da guerra dependiam da liberdade dos<br />
mercados em geral e principalmente da livre importação de bens. Nesse primeiro<br />
período do governo Dutra, o ministro da Fazenda Correia e Castro chegou a fazer<br />
uma afirmação que parecia um eco da época anterior a 1930, ao descrever o <strong>Brasil</strong><br />
como um país essencialmente agrícola." 16<br />
O governo Dutra deixou o país sem as reservas acumuladas na guerra, e eli-<br />
minou sua indústria nascente. O novo governo Vargas foi reduzido à impo-<br />
tência pelas demandas políticas de combate à inflação, e pelas exigências de<br />
equilíbrio nos gastos do governo. Um movimento anti-nacionalista em<br />
ascendente defendia a diminuição do Estado na economia, o abandono da<br />
prioridade da industrialização, e sustentava, ainda conforme Boris Fausto,<br />
uma abertura controlada ao capital estrangeiro. Seguiu-se a esse desmonte<br />
o movimento de industrialização da década de 50, calcado por sua vez, em<br />
uma abertura maciça do mercado interno, de forma que, simultaneamente<br />
com a expansão da base produtiva, as condições de acumulação autônoma<br />
novamente foram bloqueadas.<br />
Nos anos 60 amadureceu uma nova crise, em que as forças sociais a favor<br />
da ampliação da intervenção estatal no processo econômico, e de uma atua-<br />
ção estatal voltada à redução das grandes desigualdades econômico-sociais<br />
do país 17 , foram derrotadas por meio de um golpe militar preventivo, de<br />
preservação das condições de dominação da elite. O ciclo de desen-<br />
volvimento industrial então implementado restringiu a produção industrial<br />
interna aos bens de consumo durável sem a ampliação do Departamento I,<br />
16 Fausto (1995), p.403.<br />
17 Trata-se das 'reformas de base' da estrutura econômico-social, entre as quais ocupava<br />
lugar de destaque a reforma agrária.