Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
Pelas taxas de crescimento da cidade, por seu porte econômico que concen-<br />
trava quase a metade da produção do país, o quadro urbano assegurou o<br />
apelo da teoria de Lebret, voltada a 'reequilibrar' o processo de<br />
<strong>urbanização</strong>. 23<br />
Sobre essas bases teórico-metodológicas do planejamento urbano de São<br />
Paulo que se sobrepuseram, portanto, as diretrizes de política urbana do<br />
SERFHAU.<br />
9.2. Os limites do quadro institucional do planejamento<br />
'integrado'<br />
A formalização institucional da Grande São Paulo foi antecedida por traba-<br />
lhos preparatórios promovidos pela Seção paulista do Instituto de<br />
Arquitetos do <strong>Brasil</strong> - IAB. Entre outros, através do Seminário organizado<br />
em 1964: O Homem e a Paisagem Paulistana. O documento intitulado<br />
depois o meio biológico, e a seguir, a ação 'antrópica'(i.é, a ação do homem no seu<br />
meio, conforme termo derivado da antropogeografia). Só depois disso está-se<br />
habilitado a identificar os 'impactos', isto é, as notas de desarmonia introduzidas<br />
pela sociedade no equilíbrio pré-existente (por hipótese) entre o meio natural e o<br />
'homem' — numa clara reminiscência da teoria lablachiana.<br />
23<br />
O interesse da questão reside, na verdade, em apontar o caráter ideológico de posturas<br />
que, frente ao processo de <strong>urbanização</strong>, em marcha acelerada no país desde a<br />
década de 40, se mantiveram presas a quadros interpretativos que evidentemente<br />
não davam conta de sua apreensão. Elas cntinuaram inspirando as diretrizes de planejamento<br />
urbano. O rol dos planos 'contencionistas' de São Paulo é, de fato, bastante<br />
vasto, tendo se cristalizado inclusive no lema 'São Paulo tem que parar'<br />
(defendido em 1971 por seu prefeito de então, Figueiredo Ferraz). Diversos planos<br />
diretores, planos de desenvolvimento, projetos setoriais, de abastecimento, de<br />
transporte e outros, apostam, à sua maneira, no bloqueio 'necessário' do crescimento<br />
da cidade, para finalmente poderem 'equilibrar' demandas e ofertas, distribuir<br />
atividades urbanas, fazer coincidir empregos e habitações, ajustar infraestruturas,<br />
etc. E até hoje (1996), certos setores públicos vêem a ampliação necessária das<br />
infraestruturas da cidade como uma ameaça da retomada de seu crescimento.