Brasil: urbanização e fronteiras - USP
Brasil: urbanização e fronteiras - USP
Brasil: urbanização e fronteiras - USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
190<br />
BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
O novo processo de endividamento, iniciado com o abandono do II PND,<br />
foi desafiado na década de 80, por ocasião da moratória declarada pelo país<br />
durante o Governo Sarney. Visando a criação de uma base política<br />
adequada para o processo de renegociação da dívida externa, que exauria a<br />
capacidade interna de acumulação (e, portanto, também a capacidade de<br />
honrar suas dívidas), a medida foi suspensa, conforme o relato do então<br />
chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério do Pla-<br />
nejamento, Nogueira Batista Jr, sobretudo por pressões internas ao próprio<br />
governo, secundadas pela grande imprensa. 21<br />
A <strong>urbanização</strong> do <strong>Brasil</strong> faz parte integrante dessa sequência das crises, dos<br />
movimentos de retomada do crescimento interno, e das medidas de reimpo-<br />
21<br />
Batista Jr. (1988): Da crise Internacional à Moratória <strong>Brasil</strong>eira. O livro relata os esforços<br />
que aquele Ministério chefiado por Dilson Funaro empreendeu no sentido de<br />
restabelecer as condições de sustentação da acumulação interna; e de como, a partir<br />
da demissão do Ministro, a expatriação do excedente retomou seu curso anterior.<br />
Veja-se algumas passagens: "Como seria de se prever, a reação dos meios empresariais<br />
brasileiros, especialmente dos setores financeiro e exportador, foi basicamente<br />
negativa. Os custos da moratória recaíam sobre as empresas envolvidas com comércio<br />
exterior e sobre os bancos com agências e subsidiárias fora do país. (...). Mas a reação<br />
negativa transcendera os interesses diretamente prejudicados. De uma forma geral, os<br />
setores mais conservadores, tanto na área empresarial como na área política, haviam<br />
se colocado claramente contra uma medida que parecia abalar os tradicionais<br />
vínculos da economia brasileira com os centros financeiros internacionais (...).<br />
Batista Jr. (1988), pp.97 e 98. Especificamente quanto à substituição de Funaro, o autor<br />
comenta: "Não interessa reconstituir a sucessão de episódios lamentáveis que<br />
antecederam a renúncia de Dilson Funaro, envolvendo desde o envio pelo Planalto de<br />
emissários paralelos aos Estados Unidos até a famosa reunião em que os governadores<br />
dos três principais estados pediram de público a saída do Ministro da Fazenda enquanto<br />
este se encontrava no exterior no meio de uma fase crítica do processo de negociação<br />
iniciado após a moratória. (...) Com a mudança no Ministério da Fazenda<br />
houve, na verdade, um nítido enfraquecimento da postura e do posicionamento do<br />
governo brasileiro em todas as frentes de negociação externa. Isto se traduziu, antes<br />
de mais nada, na subordinação da política econômica ao objetivo de gerar novamente<br />
os mega-superávits comerciais que possibilitariam a retomada dos pagamentos de<br />
juros." Ibid., pp. 99 e 100. (Em ambas as citações, minhas ênfases).