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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />

O novo processo de endividamento, iniciado com o abandono do II PND,<br />

foi desafiado na década de 80, por ocasião da moratória declarada pelo país<br />

durante o Governo Sarney. Visando a criação de uma base política<br />

adequada para o processo de renegociação da dívida externa, que exauria a<br />

capacidade interna de acumulação (e, portanto, também a capacidade de<br />

honrar suas dívidas), a medida foi suspensa, conforme o relato do então<br />

chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério do Pla-<br />

nejamento, Nogueira Batista Jr, sobretudo por pressões internas ao próprio<br />

governo, secundadas pela grande imprensa. 21<br />

A <strong>urbanização</strong> do <strong>Brasil</strong> faz parte integrante dessa sequência das crises, dos<br />

movimentos de retomada do crescimento interno, e das medidas de reimpo-<br />

21<br />

Batista Jr. (1988): Da crise Internacional à Moratória <strong>Brasil</strong>eira. O livro relata os esforços<br />

que aquele Ministério chefiado por Dilson Funaro empreendeu no sentido de<br />

restabelecer as condições de sustentação da acumulação interna; e de como, a partir<br />

da demissão do Ministro, a expatriação do excedente retomou seu curso anterior.<br />

Veja-se algumas passagens: "Como seria de se prever, a reação dos meios empresariais<br />

brasileiros, especialmente dos setores financeiro e exportador, foi basicamente<br />

negativa. Os custos da moratória recaíam sobre as empresas envolvidas com comércio<br />

exterior e sobre os bancos com agências e subsidiárias fora do país. (...). Mas a reação<br />

negativa transcendera os interesses diretamente prejudicados. De uma forma geral, os<br />

setores mais conservadores, tanto na área empresarial como na área política, haviam<br />

se colocado claramente contra uma medida que parecia abalar os tradicionais<br />

vínculos da economia brasileira com os centros financeiros internacionais (...).<br />

Batista Jr. (1988), pp.97 e 98. Especificamente quanto à substituição de Funaro, o autor<br />

comenta: "Não interessa reconstituir a sucessão de episódios lamentáveis que<br />

antecederam a renúncia de Dilson Funaro, envolvendo desde o envio pelo Planalto de<br />

emissários paralelos aos Estados Unidos até a famosa reunião em que os governadores<br />

dos três principais estados pediram de público a saída do Ministro da Fazenda enquanto<br />

este se encontrava no exterior no meio de uma fase crítica do processo de negociação<br />

iniciado após a moratória. (...) Com a mudança no Ministério da Fazenda<br />

houve, na verdade, um nítido enfraquecimento da postura e do posicionamento do<br />

governo brasileiro em todas as frentes de negociação externa. Isto se traduziu, antes<br />

de mais nada, na subordinação da política econômica ao objetivo de gerar novamente<br />

os mega-superávits comerciais que possibilitariam a retomada dos pagamentos de<br />

juros." Ibid., pp. 99 e 100. (Em ambas as citações, minhas ênfases).

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