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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 8 - A FORMULAÇÃO D E UMA POLÍTICA URBANA PARA O BRASIL<br />

de excedente ( que no início orientava a economia para a produção de bens<br />

primários) se assentava.<br />

A reimposição da estrutura produtiva colonial do país — uma vitória da<br />

elite nacional no momento da Independência — incluia, naturalmente, a im-<br />

plantação dos próprios mecanismos de sua perpetuação. Entre eles, o de<br />

impedir a superação daquele quadro de espaços desagregados que formaram<br />

o território do Império, destinados a serem conservados em seu isolamento.<br />

A formação do espaço nacional ficou submetido aos ritmos que lhe impu-<br />

nham as crises de reprodução derivadas dos antagonismos do próprio pro-<br />

cesso da 'acumulação com expatriação do excedente' 3 . Foi sempre só à<br />

medida que as condições para a reimposição da expatriação colidiam com<br />

as limitações da capacidade produtiva interna é que o Estado brasileiro se<br />

voltou à ampliação, ainda assim sempre controlada, ou limitada, dos níveis<br />

de articulação interna do país. Não foi há tanto tempo que Euclides da<br />

Cunha escreveu o texto em epígrafe, em que a sensação da chegada das<br />

tropas republicanas ao Nordeste era como se tivessem ido lutar em terras es-<br />

trangeiras. E foi somente nos meados deste século que a integração econô-<br />

mica, movida pela generalização do trabalho assalariado, atingiu um nível<br />

tal que a <strong>urbanização</strong> pudesse se impor ao país como um processo de escala<br />

nacional.<br />

8.1 As crises de reposição das condições de acumulação<br />

Usa-se comumente a expressão industrialização de substituição de importa-<br />

ções ao processo industrializante implementado e sustentado por Vargas. A<br />

expressão, embora corresponda de fato às características predominantes da-<br />

quele movimento, deixa a desejar, por dar a entender que aquela feição<br />

'substitutiva de importações' tivesse sido exclusiva de um momento apenas.<br />

A rigor, todo o processo de industrialização do país não foi mais que um<br />

3 Conforme expressão de Deák em tese abordada na Introdução deste trabalho.<br />

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