14.04.2013 Views

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

Brasil: urbanização e fronteiras - USP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 8 - A FORMULAÇÃO D E UMA POLÍTICA URBANA PARA O BRASIL<br />

Ocorre que nas condições históricas brasileiras e, em particular, em função<br />

do comprometimento dos primeiros governos que se sucederam ao golpe de<br />

1964 com a preservação da estrutura econômico-social do país, continuava<br />

bloqueada a realização plena do processo de regulação acima descrito. De<br />

partida, ficava claramente limitada a condição de utilização, pelo Estado, de<br />

um de seus instrumentos básicos de regulação, a saber, a tributação da terra.<br />

De fato, como Luísa Battaglia assinala no já citado Cadastros e registros<br />

fundiários, faltavam-lhe (e faltam até hoje) mesmo os meios para tal, uma<br />

vez que não dispõe sequer do instrumento básico, elementar e indispensável<br />

para a taxação: o próprio cadastro das propriedades. 56<br />

Esse quadro, como objetivo e resultado do entrave histórico à consolidação<br />

do mercado interno do país, cerceia não só a atuação do Estado no processo<br />

de regulação; limita, simultaneamente, a contribuição do próprio mercado<br />

na organização espacial, 'por intermédio dos níveis de preço das<br />

localizações' conforme o coloca Deák. E, ao tolher a ação das forças<br />

antagônicas do mercado e do Estado, permite colocar este último em<br />

aparente isolamento no processo decisório sobre a organização espacial,<br />

atuando discricionariamente e ‘sozinho’ na localização das atividades<br />

produtivas, na distribuição dos recursos financeiros, na eleição das regiões e<br />

mesmo dos centros urbanos 'de desenvolvimento'. De fato, esse aparente<br />

56<br />

Ver em Battaglia (1995), especificamente o capítulo 10. Dele que foi extraído o trecho<br />

a seguir, referente ao empenho pro forma que através do Estatuto da Terra o Estado<br />

brasileiro empreendeu no sentido do controle sobre a propriedade fundiária. Em relação<br />

a um comentário que via nas divergências entre o Executivo e o Legislativo a<br />

causa dos impasses da Reforma Agrária, ela coloca: "Para melhor entendimento do<br />

comentário acima é necessário mudar ligeiramente o foco, passando dos personagens<br />

para os interesses em jogo: a eventual divergência entre Executivo e Legislativo é circunstancial;<br />

o que é estável e permanente é a oposição entre a necessidade de alterações<br />

na ordem social para permitir o pleno desenvolvimento das forças produtivas e<br />

os entraves colocados a esse desenvolvimento. Visto sob esse ângulo o Estatuto da<br />

Terra é o perfeito exemplo de aparente avanço ou reforma mantendo e consolidando<br />

o status quo." Battaglia (1995), pp. 260-1.<br />

207

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!