Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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Capítulo 8 - A FORMULAÇÃO D E UMA POLÍTICA URBANA PARA O BRASIL<br />
urbana autorizavam afirmar que, frente a parâmetros internacionais, o<br />
processo de <strong>urbanização</strong> do <strong>Brasil</strong> ainda se mostrava incipiente. Também,<br />
que havia um hiato marcante entre as cidades de grande porte e o que<br />
constituía a massa esmagadora de seus núcleos urbanos: os centros de<br />
caráter local. 30<br />
Quanto à concepção geral da política concebida, o estudo avançava que a<br />
política de desenvolvimento urbano em elaboração se acoplaria a uma<br />
'política racional de desenvolvimento regional'. Conforme Antonio Octávio<br />
Cintra (1978) em Planejando as cidades, sua estrutura era a que se segue:<br />
"Conquanto se reconhecesse a necessidade de elaboração de outros estudos e pesquisas,<br />
parecia haver base sólida para erigir a política urbana nacional, construção<br />
hierárquica de planos territoriais com amplitudes diversas, indo dos arcabouços<br />
maiores dos planos nacionais e macrorregionais até os mais limitados dos planos<br />
microrregionais e locais. Estabeleceram-se objetivos tanto ao nível da rede de<br />
centros urbanos, hierarquicamente organizados com base em estudos anteriores ou<br />
em andamento, quanto ao nível dos próprios centros urbanos, considerados unidades<br />
de planejamento. Em relação ao primeiro nível, foram traçadas diferentes linhas<br />
de ação para as cidades de cada escalão da hierarquia urbana, com vistas a:<br />
tirar proveito das economias de escala das áreas metropolitanas para acelerar o desenvolvimento<br />
nacional; distribuir esse desenvolvimento, tornando-o territorialmente<br />
mais equilibrado, através de investimentos nos pólos microrregionais, e finalmente,<br />
reduzir a pressão migratória sobre os grandes centros, através de investimentos<br />
em 'pólos de equilíbrio', em cada estado." 31<br />
Do ponto de vista metodológico, o processo seguido para a localização das<br />
intervenções estratégicas do governo federal foi a superposição da estrutura<br />
de polarização urbana sobre o pano de fundo dos recortes espaciais cons-<br />
30<br />
A identificação dessas aglomerações se baseava em dados intercensitários de 1964. Os<br />
dados sobre a distribuição da população por escalões de aglomerados, se utilizou, conforme<br />
o documento citado, do Boletim Econômico para a América Latina (ONU, outubro<br />
de 61). Seus dados indicavam que em termos percentuais, em 1960 as cidades de<br />
menos de 10 mil habitantes e as zonas rurais ainda abrigavam 67,7% da população, e<br />
apenas 18,8% viviam em núcleos com mais de 100 000 habitantes. Cf. Pereira (1967).<br />
31 Cintra (op.cit.) p.205.<br />
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