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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 1 - A ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO NA COLONIA 25<br />

1.3 A fundação e propagação dos assentamentos urbanos<br />

Acompanhando o movimento geral da ocupação territorial, e trabalhando<br />

sobretudo nas áreas em que a colonização já assentara as propriedades, a<br />

formação dos núcleos de povoamento teve à frente a Igreja. De acordo com<br />

Murillo Marx (1991), em Cidade no <strong>Brasil</strong>: terra de quem?, foram fundamentalmente<br />

os territórios doados pelos donatários de sesmarias para a<br />

construção de capelas, e os patrimônios doados para sua sustentação<br />

econômica que deram origem a parte significativa dos assentamentos<br />

urbanos do país.<br />

"Onde poderiam então surgir, quebrando e enriquecendo essa típica e monôtona<br />

paisagem, os assentamentos que, por uma maior concentração de edifícios singelos,<br />

pudessem sugerir ainda que apenas uma lembrança de vida urbana? Onde o<br />

espaço — e antes deste o chão — para que despontassem? Poucas oportunidades<br />

havia para que tais aglomerados surgissem em meio e dentre tal sistema de terras<br />

acumuladas. Existiam, entretanto, brechas no sistema sesmarial, que, de maneira<br />

tão extensiva, comandava a ocupação do território e a sua exploração. E tais brechas<br />

não vinham à revelia do sistema, porém no bojo de sua própria lógica, não o<br />

contrariando ostensivamente, mas sendo um prolongamento dele e servindo a suas<br />

limitações. Que brechas eram essas? Por entre tantas e tão grandes sesmarias,<br />

eram exatamente as capelas e os seus respectivos patrimônios." 17<br />

No patrimônio religioso doado pelos sesmeiros para a sustentação das capelas<br />

18 , no meio das grandes propriedades nasciam e se firmavam, pois, os<br />

assentamentos que, com tempo, constituiriam a base de novas arrancadas da<br />

colonização. Para acompanhar esse processo é necessário acoplar, no entanto,<br />

à função econômico-social dos povoados o papel que os mesmos representavam<br />

na administração colonial.<br />

17 Murillo Marx (1991) p.36.<br />

18<br />

Conforme Murillo Marx, a conexão entre os referidos elementos se dava da seguinte<br />

forma: ao lado do terreno doado para a erecção da capela, doava-se também um patrimônio,<br />

i.é, uma gleba de terra que servisse para sua manutenção. Esse patrimônio que<br />

era, então distribuído por seus administradores (a fábrica), para o assentamento dos<br />

foreiros (os habitantes que pagariam foro por aquele direito .

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