Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
problemas derivados da indefinição, confusão ou equívocos referentes à<br />
base espacial desses estudos. De um lado, à dificuldade derivada da<br />
natureza fragmentada das informações exigidas para sua realização: à<br />
proposição de se concluir sobre a validade dos empreendimentos não<br />
enquanto propostas concretas de transformação, mas por intermédio de uma<br />
avaliação individualizada de seus múltiplos impactos, cada um de acordo<br />
com seu próprio alcance espacial. 66 De outro, à não menor dificuldade de se<br />
responder, por meio de projetos específicos, a questões cujo alcance<br />
ultrapassa o âmbito de atuação de qualquer empreendimento individual — e<br />
que de fato só servem para ocultar a própria omissão do Estado em seu<br />
enfrentamento.<br />
Em um recente encontro técnico 67 na Secretaria Estadual do Meio<br />
Ambiente, um dos temas dizia respeito às dificuldades dos diversos<br />
empreendedores que trabalham na RMSP para solucionar o problema de<br />
rejeitos de obras. Na abordagem das soluções específicas encaminhadas<br />
por um empreendimento, constantes em seu Estudo de Impacto Ambiental,<br />
os técnicos da Secretaria as consideraram insatisfatórias. Esclareceu-se na<br />
discussão que o que estava sendo questionado, a rigor, não era a solução<br />
técnica apresentada, e sequer a indicação das áreas potencialmente<br />
utilizáveis para o 'bota-fora', mas sim, a ausência de uma política<br />
abrangente, formulada pelo empreendedor, para essa questão.<br />
Fica a pergunta se cabe, de fato, a cada empreendedor individual, confronta-<br />
do com o problema do 'bota-fora', a formulação de uma política de caráter<br />
66<br />
Sem se deter aqui no aspecto — embora fundamental — de que no bojo dos<br />
estudos ambientais os objetivos de qualquer empreendimento acabam, forçosamente,<br />
se confundindo com seus próprios 'impactos'. Por exemplo, em um estudo<br />
recente, o aumento de acessibilidade propiciado por uma linha de metrô, por evidentemente<br />
constituir o fator mais relevante de transformação do 'meio antrópico',<br />
foi considerado um de seus 'impactos' — e como tal, mensurado, avaliado, e até<br />
mesmo classificado como negativo, pois acarretava adensamentos no quadro urbano<br />
local, até então em equilíbrio com as infraestruturas disponíveis.<br />
67 Ocorrido em meados de 1996.