Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
sou por transformações significativas no sentido da formação de um<br />
mercado interno. A rede urbana ampliou-se, ainda que lentamente, e cresceu<br />
sua rede de comunicações. O peso maior adquirido pelo mercado interno<br />
com o aumento do trabalho assalariado demandava a organização de um<br />
mercado financeiro, uma melhor capacitação tecnológica, a provisão de<br />
infra-estruturas urbanas e melhores comunicações. O espaço do mercado<br />
estava em processo de formação.<br />
Perseguiu-se, ao longo do capítulo, o sentido do federalismo republicano.<br />
Colocando-o em uma perspectiva histórica mais ampla, pode-se perguntar<br />
por que a elite brasileira se empenhou para 'manter a integridade do país',<br />
com a veemência de que as lutas sangrentas da Regência são prova<br />
cristalina, para, pouco mais de quarenta anos depois, criar uma federação?<br />
Que nem federação chegou a constituir, aliás, segundo a acepção política do<br />
termo, pois uma federação supõe a transferência, para uma esfera superior,<br />
da soberania referente à política externa e à economia de cada estado-<br />
membro, uma vez que o controle separado de tais setores é incompatível<br />
com a unidade nacional. (Razão, aliás, pela qual os estados-membro<br />
originais que formaram os EEUU cedo alteraram sua forma confederativa<br />
pela federativa).<br />
O federalismo republicano objetivava reafirmar as bases de sustentação da<br />
sociedade de elite, da mesma forma que o fêz a Gerra do Paraguai — ao tri-<br />
plicar a dívida externa do país — ou a postura dominante em relação à<br />
industrialização, calcada em uma argumentação liberal. 17<br />
17<br />
A seguinte passagem, de Luz (1961), ilustra esse quadro de rejeição às indústrias: "`A<br />
medida, porém, que, por um lado, a indústria se desenvolvia, e suas reivindicações<br />
tornavam-se mais insistentes, e, por outro lado, cresciam as dificuldades da agricultura,<br />
começou-se a notar uma certa irritação das classes agrícolas, surgindo o<br />
argumento da incapacidade da indústria em abastecer o mercado nacional e, principalmente,<br />
o do sacrifício de muitos a favor de alguns privilegiados. O Visconde de<br />
Paranaguá alegava essa incapacidade(...). Outros, como Belisário, ressaltavam o<br />
aumento dos preços, aumento que atribuíam ao protecionismo, prejudicando assim o