Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
buição espacialmente homogênea dos fatores de produção, suas conclusões<br />
apontavam as próprias regiões diferenciadas como as responsáveis pelas<br />
desigualdades sempre renovadas. Como Massey coloca ironicamente,<br />
'utilizando-se de uma variante espacial do tema geral de se culpar a vítima<br />
(os centros urbanos estavam em declínio, então deveria haver algo errado<br />
com eles)' 38 .<br />
Uma outra interpretação das desigualdades do espaço se colocava no polo<br />
oposto do leque ideológico: elas seriam inerentes ao modo capitalista de<br />
produção, manifestação de suas 'leis' de validade universal (como aquela da<br />
tendência de concentração e de centralização de capital). Essas 'leis'<br />
abstratas tinham seu prestígio assegurado por sua uma oposição frontal à<br />
teoria do ‘equilíbrio’, embora não passassem de generalizações indevidas<br />
de observações de Marx. E, por isso mesmo, tampouco seriam adequadas<br />
para interpretar o processo real de reposição das desigualdades do espaço.<br />
Como conclusão desse apanhado grosseiro das explanações de Massey, re-<br />
coloquemos as principais conclusões da obra citada, já apresentadas em<br />
capítulo anterior desse trabalho . 39 Ao utilizar o termo 'região' no sentido de<br />
um segmento espacial sub-nacional diferenciado, como parte de uma<br />
configuração temporária da organização espacial da produção, 40 Massey<br />
rejeita as regiões como uma categoria através de cuja análise isolada, ou<br />
em correlação com outras regiões se possa responder a indagações sobre o<br />
processo de diferenciação do espaço nacional. Ela propõe que se volte a<br />
atenção ao estudo do local, ou regional como a porções concretas, singula-<br />
res, do espaço nacional, através de cuja apreensão o que se desdobra ao en-<br />
38 Massey (op.cit.) p.13.<br />
39 Cap.6.<br />
40<br />
Para ilustrar: "O termo 'regional' está sendo usado aqui, como em qualquer outra<br />
parte, genericamente, para se referir a 'espacial' ou subnacional. Porque é evidente<br />
que até a imagem do mapa tem sido reafeiçoada. Os contornos da nova divisão<br />
espacial do trabalho são diferentes daqueles da velha." Massey (1984), p.298.