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Brasil: urbanização e fronteiras - USP

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Capítulo 8 - A FORMULAÇÃO D E UMA POLÍTICA URBANA PARA O BRASIL<br />

1967. Chamar a atenção, em primeiro lugar, às vinculações imediatas que<br />

seus autores fazem entre as desigualdades regionais e a emergência (ou a<br />

necessidade) de planejamento. Em segundo lugar, destacar a função estra-<br />

tégica atribuída às cidades no processo de planejamento, dentro de uma<br />

concepção hierarquizada dos núcleos urbanos, como partes integrantes de<br />

uma rede, dentro de um espaço segmentado, composto por regiões. Em ter-<br />

ceiro, dar ênfase à idéia, várias vezes recolocada, de uma identificação entre<br />

desigualdades regionais e relação de colonização.<br />

Esse último aspecto merece uma abordagem mais detalhada. Isto porque a<br />

indiferença das colocações em relação ao âmbito supra- ou subnacional de<br />

seus objetos, com os conceitos de dominação ou de subdesenvolvimento<br />

aplicados sem distinção a relações entre países, ou a regiões internas a um<br />

Estado corresponde à diluição, dentro do arcabouço teórico enfocado, da<br />

própria noção de Estado Nacional.<br />

Há duas derivações importantes desse procedimento, e certamente a eles<br />

que se deve o próprio apelo ideológico da teoria em apreço.<br />

A primeira delas é a transferência das relações de dominação do âmbito so-<br />

cial ao espacial, dando origem, entre outras, à falsa imagem da ‘colonização<br />

interna’. 53<br />

53<br />

Essa questão da 'colonização interna' faz retornar à expressão equivocada utilizada para<br />

se referir à colônia brasileira de Portugal como a um Estado Colonial. E o erro parece<br />

estar nos mesmos pontos: no não reconhecimento dos Estados nacionais como<br />

uma categoria essencial na organização do modo de produção capitalista, e na não<br />

distinção entre os conceitos de desigualdade e diferença. A relação colonial, no<br />

entanto, é uma relação de dominação/submissão entre entidades diferentes, a<br />

metrópole e a colônia. Em oposição, no espaço interno dos Estados nacionais pode-se<br />

detectar desigualdades - elas são mesmo continuamente reproduzidas entre suas<br />

diversas partes - mas elas constituem indicadores da unidade do espaço nacional, e<br />

impedem, por isso mesmo, que para qualificar as relações internas a esse espaço se<br />

utilize de conceitos associados à relação entre um Estado e sua colônia.<br />

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