Brasil: urbanização e fronteiras - USP
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BRASIL: URBANIZAÇÃO E FRONTEIRAS<br />
momento dado, de toda a sucessão de papéis desempenhados por determina-<br />
da porção do espaço ao longo do processo de transformação das relações<br />
sociais de produção. Não em termos genérico-abstratos, mas sempre na sua<br />
forma classista específica em que se manifesta nas diretrizes emanadas do<br />
projeto político de um país. Em suas palavras:<br />
"Ao longo desta seção estava implícito que a estrutura econômica de uma região é<br />
o produto de uma série de simples e discretas rodadas de investimentos, em cada<br />
qual uma nova estrutura social será articulada com uma dada superfície espacial.<br />
Mas o processo histórico é mais complexo que isso. Em qualquer tempo dado,<br />
mais do que uma estrutura pode estar em processo de estabelecimento, estar<br />
submetida a mudanças, ou estar em declínio. É o efeito da combinação de todas<br />
essas mudanças com o padrão geográfico existente (ele próprio resultado de utilizações<br />
anteriores do espaço) que contribui para as características econômicas<br />
distintivas dos espaços locais. O próprio fato de que uma região pode, através da<br />
variedade de suas atividades econômicas, estar encaixada em uma multidão de<br />
estruturas espaciais, cada uma acarretando diferentes organizações de dominação<br />
e subordinação, serve para enfatizar que não são as regiões que se<br />
(1980): "...o concreto é a 'unidade do diverso, síntese de muitas determinações', acrescentando:<br />
"devendo-se entender o conceito de determinação não como sinônimo de<br />
conjunto de propriedades ou de características, mas como os resultados que constituem<br />
uma realidade no processo pelo qual ela é produzida. Ou seja, enquanto o conceito<br />
de 'propriedades' ou de 'características' pressupõe um objeto como dado e acabado,<br />
o conceito de determinação pressupõe uma realidade como um processo temporal."Chaui<br />
(1980), pp.47-8. O sentido em que o termo é utilizado por Massey corresponde<br />
a essa conceituação. "Leis gerais tratam de causação, não de correlações<br />
empíricas. E elas são tão bem, se não melhor estabelecidas em estudos causais do particular,<br />
o tão amaldiçoado 'estudo de caso'. E, pela mesma razão, o único, o produto<br />
de muitas determinações, é certamente passível de ser submetido a análise. Já é hora,<br />
de fato, das particularidades regionais e locais serem reinstaladas como o foco central<br />
do pensamento geográfico. Isso não é argumentar, no entanto, a favor do retorno aos<br />
'bons velhos estudos regionais', mas sugerir que o mesmo objeto hoje pode ser abordado<br />
dentro de um quadro analítico rigoroso, com algum entendimento entre as relações<br />
entre o geral e o particular, e com uma avaliação de como cada área local se encaixa<br />
no esquema mais abrangente da produção e das relações sociais capitalistas."<br />
Massey (op.cit.), p.120. (T.do A.)