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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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julgava merecedora. Além do mais, cobravam-se resultados em desenvolvimento<br />

tecnológico. Apesar da grande efervescência e do elevado ânimo do quadro técnico da<br />

Cobra - envolvido no projeto do G-10, na criação de um microcomputador<br />

profissional, na evolução do Cobra 400, no desenvolvimento de equipamentos de<br />

testes etc. - os resultados concretos não apareciam. Só o que aparecia eram os<br />

mínis de entrada de dados, importados e maquilados, para atender à demanda dos<br />

bancos. Apareciam, também, os prejuízos contábeis. Volta e meia, em algum órgão da<br />

grande imprensa, lia-se um editorial questionando o trabalho da Cobra. Não faltaram<br />

depoimentos à Comissão Cotrim pondo em dúvida os resultados da Cobra. Para<br />

completar, seu presidente, Carlos Augusto, escudado na proteção política de Marcos<br />

Vianna e no controle de 39% das ações da empresa por parte de um pool de bancos,<br />

não sentia-se obrigado a dar muitas satisfações às autoridades governamentais,<br />

chegando a dizer abertamente que a Cobra era uma empresa privada, embora com<br />

maioria de capital estatal. Por conta dessa independência, Carlos Augusto nunca<br />

prestou muita atenção ao presidente do pouco operante Conselho de Administração da<br />

Cobra, almirante José Cláudio Beltrão Frederico, razão, entre outras, de a Marinha<br />

ter retirado seu suporte à empresa que ajudou a criar.<br />

Em meados de maio, Carlos Augusto concedeu a O Globo uma entrevista que o<br />

colocou definitivamente em rota de colisão com o grupo do SNI. Embora reconhecendo<br />

"contribuições valiosas" no relatório da Comissão Cotrim, sobretudo na parte<br />

relativa a componentes, ele questionou a afirmação de não existir uma política de<br />

informática. "Já existe uma política que vem orientando corretamente os rumos da<br />

atividade empresarial", afirmou. E acrescentou ser necessário aproveitar a<br />

estrutura da Capre, caso se viesse a criar um novo órgão mais abrangente.<br />

No final desse mesmo mês, Loyola Reis sondou um nome que lhe pareceu bom para<br />

colocar no lugar de Carlos Augusto: o diretor-superintendente do Serpro, Vicente<br />

Paollilo. Economista, aluno de Delfim Netto na USP, colega de turma de dois altos<br />

funcionários do início do governo Figueiredo, o secretário-geral do Ministério da<br />

Fazenda, Affonso Celso Pastore, e o secretário-executivo do CIP, Carlos Viacava,<br />

Paollilo trabalhara com Dion em sua primeira passagem pelo Serpro, e retornou com<br />

ele, após cinco anos de "ostracismo" na Light. Pôde, então, bem comparar os hábitos<br />

da burocracia governamental com a produtividade da máquina funcional de uma empresa<br />

privada (a Light ainda pertencia ao grupo canadense Brascan). Convocado a depor na<br />

Comissão Cotrim, impressionou todos com suas críticas. Conclusão: eis aí um homem<br />

eficiente para gerir a Cobra.<br />

Apesar de sua ligação antiga com Dion, Paollilo estava insatisfeito nesta<br />

segunda experiência frente à área operacional do Serpro. A sondagem para assumir a<br />

Cobra o pegou quando já se decidira a deixar o Serpro, estando bastante inclinado a<br />

aceitar um convite para dirigir a Edisa. A Cobra, além de ser uma empresa bem<br />

maior, oferecia-lhe a grande vantagem de ficar no Rio, onde morava. Disse "sim" a<br />

Loyola.<br />

No final de junho, o GTE/I visitou a empresa. Era tal a animosidade que,<br />

apesar de convidados, nem Loyola Reis nem o coronel Francisco Fernandes integraram<br />

a comitiva. Os outros, durante todo o tempo da visita, portaram-se de forma<br />

agressiva, com perguntas que denunciavam pré-julgamento da ineficácia de Carlos<br />

Augusto na industrialização do G-10.<br />

Dentro da Cobra viviam-se dias de total expectativa e intranqüilidade. Pairava<br />

no ar o medo da intervenção. Na visão de seus técnicos, apesar dos prejuízos<br />

operacionais e da não colocação de produtos novos no mercado, as críticas eram<br />

infundadas. Trabalhavam febrilmente nos laboratórios, na linha industrial e nos<br />

escritórios de venda. Os técnicos tinham absoluta consciência sobre o quanto<br />

avançavam os projetos, as dificuldades já superadas, os problemas ainda por

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