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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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ancária. Neste momento, a enorme responsabilidade pela frente o fez se sentir,<br />

pela primeira vez, inseguro. Arnon viu-se obrigado a aprender - na prática - a<br />

avaliar, selecionar e contratar os engenheiros que tocariam para a frente os<br />

projetos da Digirede. Paralelamente, trilhou um penoso caminho até saber comprar<br />

circuitos integrados nos Estados Unidos. Ignorância total: devia comprar do<br />

fabricante ou através de revendedores? E o preço? Aconteceu de pagar 15 dólares por<br />

unidade e, logo adiante, encontrar alguém lhe oferecendo o mesmo produto pela<br />

metade...<br />

A indústria nacional começou aprendendo a vender. Abastecida com o grande<br />

contingente de vendedores que as multinacionais - e, em especial, a Olivetti —<br />

dispensaram, como conseqüência das restrições que lhes impunha a Capre, as novas<br />

empresas puderam cumprir a sua primeira tarefa: ocupar o mercado. Mesmo assim,<br />

depois de um bom curso prático. Uma coisa era vender produtos analisados, testados<br />

e consagrados no exterior que aqui chegavam apoiados em programas de marketing e<br />

comercialização inteiramente prontos, incluindo extensa literatura de apoio,<br />

manuais muito bem feitos, folhetos promocionais, grande base de software e toda uma<br />

filosofia de uso. Outra coisa bem diferente era convencer usuários, já aculturados,<br />

que produtos projetados no Brasil - logo onde! - e totalmente desconhecidos podiam<br />

ser tão adequados quanto, para atender às suas necessidades. Além do mais, ninguém<br />

nutria ilusões quanto a contar com a boa vontade e paciência dos usuários.<br />

Proibidos de importar os produtos aos quais estavam familiarizados e obrigados<br />

a conviver com uma política feita à sua revelia, os usuários sentiam como que se<br />

lhes empurrassem goela abaixo os equipamentos nacionais. E protestavam o quanto<br />

podiam. Inseguros e desconfiados em relação às marcas tupiniquins, tornaram-se<br />

infinitamente mais exigentes, como nunca o foram antes com os fornecedores<br />

multinacionais. Passaram a exigir que os contratos de venda e manutenção<br />

contivessem cláusulas pelas quais não ousavam brigar para inserir nos contratos<br />

pré-redigidos que as empresas estrangeiras, antes, lhes impunham. Inexperientes e<br />

frágeis, as empresas nacionais aceitavam tais condições, dispondo-se a pagar multas<br />

por atrasos na entrega, defeitos na instalação, mau funcionamento. Cláusulas até<br />

normais nos países adiantados mas que, no Brasil, somente empresas do porte de uma<br />

Petrobrás e, mesmo assim, depois de muita discussão, conseguiam arrancar de uma<br />

IBM, graças aliás, como se viu, a um certo Ricardo Saur, retornando de um doutorado<br />

em Stanford.<br />

Lembra Milton Scorza, vindo de uma boa experiência como diretor de Marketing<br />

da Four Phase (uma das empresas que se retirou do Brasil após a concorrência dos<br />

mínis), que o trabalho de promoção e vendas é como uma corrida de 1.000 metros que,<br />

nas multinacionais, aos brasileiros só era dado participar dos 20 metros finais.<br />

Quando foi para a Elebra Periféricos, ele e seu presidente Isu Fang perceberam que<br />

não bastava ter um produto em um mercado reservado para que os compradores batessem<br />

à sua porta. Precisavam correr atrás, enfrentando a cultura multinacional. Mas, e<br />

aí? Como largar? Como dosar ou gastar as energias? Dispara na frente ou deixa para<br />

arrancar no final? Em suma, sem alegorias, como iniciar e evoluir uma estratégia de<br />

marketing?<br />

Não que faltasse a Fang e a Scorza experiência na área! O primeiro, oriundo da<br />

Prodam, empresa de processamento de dados do município de São Paulo, conhecia bem o<br />

usuário estatal, enquanto o segundo dirigira a entrada da Four Phase na mercado<br />

brasileiro de mínis. Só que agora o alvo de ambos não era o usuário final,<br />

comprador de minicomputadores. Fabricante de discos e impressoras, a Elebra vendia<br />

para as montadoras de sistemas. Scorza percebeu como era cômodo contar com a<br />

orientação de uma matriz a lhe mostrar, passo a passo, o que fazer. Nem ele, nem<br />

ninguém na Elebra, quiçá poucos no país, sabiam formular uma estratégia de vendas<br />

OEM. Assim, adotaram - ele e Fang - a única solução possível: estudar e

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