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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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— c. acelerar os processos de industrialização e comercialização dos projetos<br />

brasileiros já desenvolvidos na área de computação."<br />

A Resolução 01 e a moção do Secomu não deixavam dúvidas sobre o que fazer. Mas<br />

não diziam como. Nada impedia à IBM e outras empresas estrangeiras de continuar<br />

anunciando e vendendo seus produtos. Necessitava-se, urgentemente, de uma atitude.<br />

Mas esta só seria possível se os principais grupos do governo ligados à política de<br />

informática esquecessem, por um tempo, suas divergências e acertassem uma ação<br />

comum.<br />

A frente única foi costurada por Saur que promoveu, em sua casa, uma série de<br />

reuniões com as pessoas que tinham o poder de influenciar os escalões mais altos do<br />

Executivo. Além de Ivan, Ripper, Carlos Augusto, Moacyr Fioravante e Marcos Vianna,<br />

foram admitidas nessas reuniões pessoas ligadas a José Dion de Melo Telles, como o<br />

diretor técnico da Digibrás, Antônio Moraes. Daí resultou um pacto pelo qual foram<br />

suspensas, temporariamente, as discussões sobre os detalhes da política industrial<br />

a ser implantada. Todos se concentrariam nas questões básicas. E o básico, no<br />

momento, era segurar o /32. O pacto foi firmado num sucinto documento de apenas uma<br />

folha, a ser respeitado como a Bíblia do grupo. A firme intenção de todos em<br />

cumprir o acordo ficou marcada por uma frase de Ivan: "Vou decorar isto tudo que<br />

está escrito e repetir todas as vezes em que eu tiver que me pronunciar. Dessa<br />

maneira, a gente chega lá!"<br />

A oportunidade não tardou. Em outubro realizou-se o IX Congresso Nacional de<br />

Processamento de Dados, no Hotel Nacional, no Rio, e sua feira paralela, na qual,<br />

além das empresas vendedoras, também os centros de pesquisa ousaram expor os seus<br />

produtos. Lá estavam os orgulhos da tecnologia nacional: o G-10, o concentrador...<br />

Mas fulgurava, também, bem acompanhado por competentes técnicos-vendedores, o<br />

polêmico /32, no estande da IBM. Já a Burroughs preferiu ser prudente: seu estande,<br />

vazio, com apenas uma recepcionista, exibia um cartaz anunciando seu computador de<br />

pequeno porte, B-80.<br />

No Congresso, a temperatura começou a subir desde o primeiro instante.<br />

Representando o presidente Ernesto Geisel na solenidade de abertura, Dion reafirmou<br />

a decisão governamental de manter sob controle nacional o segmento de "informática<br />

de periferia" e enfatizou a importância do desenvolvimento tecnológico, citando o<br />

G-10, o terminal inteligente do NCE, o concentrador de teclados do Serpro, os<br />

terminais da Scopus e da Digidata, como resultado dos esforços já realizados. O<br />

presidente do CNPq finalizou seu discurso declarando que o governo esperava das<br />

empresas com centro de decisão no exterior que concentrassem seus investimentos em<br />

um segmento complementar àquele selecionado para a indústria sob controle nacional:<br />

"Hoje temos problemas de balanço de pagamentos, mas isto é transitório. O<br />

desenvolvimento tecnológico é permanente", afirmou.<br />

A resposta das multinacionais veio através do gerente de marketing da<br />

Burroughs, Georg Herz, durante o painel sobre Fabricação Nacional de Equipamentos:<br />

"Medidas governamentais que dificultem a fabricação de um produto no Brasil<br />

forçosamente levarão empresas, que tenham tomado essa decisão face à demanda do<br />

mercado da América Latina, a abrir parques industriais para seus produtos em países<br />

vizinhos... Provavelmente esses produtos que deixaram de ser fabricados aqui,<br />

entrarão posteriormente no Brasil com privilégios fiscais, por acordos da Alalc,<br />

como hoje vem ocorrendo com máquinas de somar e calculadoras."<br />

Tão logo foram abertos os debates à platéia, um dos presentes pede a palavra e<br />

dirige-se a Herz, solicitando-lhe que repetisse o que dissera há pouco. Herz<br />

repete. Seu interpelador emendou: "Poderia considerar essa afirmação como uma

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