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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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entender como alguém era capaz de largar uma empresa famosa pelas oportunidades e<br />

estabilidade que oferece aos seus quadros, em troca de um instável e atribulado<br />

futuro universitário. Para Martins, porém, foi a realização.<br />

Havia muito o que fazer. E disposição para fazê-lo. Junto com um pequeno grupo<br />

de professores pioneiros, Martins criou um centro de distribuição de programas para<br />

a América Latina, em uma tentativa de penetrar na área de formação de pessoal em<br />

informática, que as multinacionais controlavam. No final de 1971, Martins e o<br />

professor José Carlos Lucena organizaram o Simpósio Internacional sobre Educação em<br />

Computadores para Países em Desenvolvimento, aglutinando universidades do<br />

Hemisfério Sul. Os dois procuraram, também, aumentar o intercâmbio entre as<br />

universidades, para trocar informações sobre currículos e outras.<br />

Com essa bagagem, Luís Martins começou a cumprir a tarefa que lhe foi confiada<br />

pelo secretário-executivo da Capre. Recorreu ao auxílio das Sociedades de Usuários<br />

de diversos estados, das empresas de processamento de dados e das secretarias de<br />

planejamento estaduais, universidades e empresas estatais como a Vale do Rio Doce e<br />

o IBGE. Ao levantar a situação dos recursos humanos em informática, pôde, também,<br />

mapear as instalações e equipamentos existentes e, ainda, as instituições que, não<br />

tendo computadores, utilizavam horas de máquina de terceiros. Assim, em 1973, a<br />

Capre obteve, afinal, a primeira fotografia do crescimento da informática no<br />

Brasil. Ao todo, havia 700 computadores em 636 instalações. A então Guanabara e São<br />

Paulo concentravam 68,9% do total. Sessenta e três por cento das instalações eram<br />

consideradas pequenas. Somadas com as médias, davam a 88,5%. Dos 700 computadores,<br />

467 eram pequenos, 185 médios, 23 grandes e 25 de muito grande porte. Estavam<br />

ocupados 13,59 horas, em média, por dia.<br />

O setor empregava 4.090 analistas, 3.733 programadores e 3.302 operadores, num<br />

total de 11.125 profissionais. Destes, 9.958 estavam nos CPDs. Uma comparação com a<br />

população de profissionais existente nos Estados Unidos (560 mil) e na França (55<br />

mil) em 1970, indicava o grande atraso do Brasil. Diante das necessidades do país,<br />

o estudo de Martins apontou os seguintes déficits: 13,5% de operadores, 22,6% de<br />

programadores e 10,9% de analistas.<br />

A experiência da maioria dos profissionais brasileiros não ultrapassava três<br />

anos. A Capre concluiu que isso devia-se ao acelerado crescimento do parque<br />

computacional naqueles anos, provocando elevada absorção de pessoal novo e<br />

inexperiente. Em 1973, 74 e 75, segundo Luís Martins, o parque atingiria,<br />

respectivamente, 1.000, 1.450 e 2.100 computadores, aumentando ainda mais o déficit<br />

de técnicos.<br />

O trabalho concluiu com onze recomendações, todas voltadas para o<br />

aprimoramento da formação de pessoal. Deveria ser criado um fundo para a aquisição<br />

de material didático; formar-se instrutores, inclusive com deslocamentos<br />

temporários de profissionais entre as regiões do país; incluir-se a computação nos<br />

currículos das escolas de primeiro e segundo grau etc.<br />

Somente um ano depois de criada, a Capre começou a arregimentar mais gente. Um<br />

dos primeiros a chegar foi Arthur Pereira Nunes. Ansioso por fazer um trabalho mais<br />

criativo do que implantar sistemas de administração de pessoal, como o que fizera<br />

na Telerj, Arthur saiu à cata de alternativas e acabou indicado por um amigo para<br />

uma entrevista com Saur. Assim que se inteirou da proposta de trabalho — pesquisas,<br />

investimento em recursos humanos — viu que achou o que procurava.

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