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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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C<br />

CAPÍTULO 3<br />

BANDA DE ROCK<br />

om incentivos do Geace e preparando-se para processar o Censo de 1960, o IBGE<br />

adquiriu, um ano antes, um computador Univac 1105, com duas memórias de núcleo<br />

de ferrite de mil bytes cada uma, uma memória de tambor de 256 mil bytes, dez<br />

unidades de fita magnética e um conversor de cartões para fita. Ocupava um espaço<br />

correspondente a oito salas. Uma maravilha para época que... só faltava funcionar<br />

direito!<br />

A constante manutenção ocupava uma equipe de 12 pessoas que pegava no serviço<br />

às cinco horas da manhã, quando um técnico, após rodar os programas de teste,<br />

substituía as caixas de circuito defeituosas - cada uma com cerca de 40 centímetros<br />

de comprimento e, pelo menos, dez válvulas - entregando-as ao laboratório para<br />

conserto. Os defeitos, porém, não paravam de aparecer no correr do dia. E dá-lhe de<br />

trocar válvulas queimadas!<br />

Quando o estoque de válvulas importadas acabava, então era um Deus-nos-acuda!<br />

Sem contrato de aluguel e de manutenção com a Univac, graças à inexperiência dos<br />

que negociaram sua aquisição, o IBGE não se beneficiava do canal de importação da<br />

empresa. Só tinha duas saídas: improvisar, adaptando componentes nacionais e,<br />

quando não fosse mais possível, conseguir que o escritório do Ministério da<br />

Aeronáutica, em Washington, enviasse as benditas válvulas, por meios não<br />

convencionais.<br />

De uma maneira ou de outra, encontrava-se sempre uma solução. Não era este o<br />

maior problema. Difícil mesmo era resolver a operação de entrada e saída dos dados.<br />

Na teoria, esta etapa cabia a um sistema conversor, composto de uma leitora de<br />

cartões, uma unidade de fita e uma impressora, incumbido de ler os dados dos<br />

cartões perfurados, gravando-os em fita magnética. Na prática, nunca funcionou, e<br />

acabou por deixar de realizar sua mais nobre tarefa: tabular os dados do Censo de<br />

1960.<br />

Quando concluiu que, com o Univac 1105, pouco conseguiria, o IBGE partiu para<br />

adquirir um modelo mais avançado: o Univac SS 80, com quatro unidades de fita,<br />

leitora de cartão, impressora e memória de tambor. Tudo certo se, ao mesmo tempo,<br />

não promovesse também a troca de todo o seu parque de perfuração, substituindo os<br />

cartões Power, de 90 colunas, padrão Univac, pelos cartões Hollerith, de 80<br />

colunas, padrão IBM. A leitora de cartão do novo sistema que, teoricamente, deveria<br />

ler os dois tipos de cartão, nunca conseguiu ler direito os que já tinham sido<br />

perfurados. Justamente os que continham os dados do Censo de 60. Que, assim, foi<br />

sendo somado a mão por anos a fio...<br />

Prevendo a repetição do fiasco no processamento do Censo de 1970, o Instituto<br />

de Planejamento Econômico Aplicado - IPEA -, órgão do Ministério do Planejamento,<br />

contratou um grupo de engenheiros da PUC para encontrar uma solução para o problema<br />

da entrada de dados. Sob o comando do ex-iteano, formado em 1961, Luís Antônio<br />

Mesquita, e integrado por Deocleciano Pegado, Mário Durso, Antônio Freitas e<br />

Francisco Ramalho — todos oriundos do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC -<br />

haviam acumulado, neste Departamento, experiência em desenvolvimento de projetos,<br />

aos quais deram nomes prosaicos como Salame (iniciais de Sistema Automático de<br />

Leitura e Análise de Medidas Estruturais) e Fiapo, uma ligação entre o computador<br />

analógico Analac 110 e um IBM 1130, este, claro, digital.

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