vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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terminais administrativos, o terminal de saldo e de extratos e microcomputadores.<br />
Some-se a isso o grande investimento feito escrevendo-se os programas dos sistemas<br />
de gerenciamento de redes, de banco de dados e outros necessários ao processamento<br />
on-line.<br />
A Itautec nasceu da cabeça do presidente do Grupo Itaú, Olavo Setúbal,<br />
convencido da importância estratégica da informática para qualquer grupo<br />
empresarial que queira ser forte no século XXI. A princípio recebida com alguma<br />
descrença pelas demais empresas do setor ("os bancos não vão comprar sistemas de um<br />
concorrente" era o argumento mais ouvido), a Itautec logo se firmou, tornando-se<br />
uma das principais empresas nacionais. Em seguida ao Itaú, seu primeiro cliente foi<br />
o Banco Habitasul, depois o Citybank, o Sudameris, o Banco do Brasil etc.<br />
A competição entre o Itaú e o Bradesco foi ferrenha. Para descontar o avanço<br />
do Bradesco no desenvolvimento de sistemas on-line, o Itaú trabalhou duro, com o<br />
objetivo de ganhar a corrida para a instalação da primeira agência automatizada. O<br />
grupo de Karman projetou um sistema-piloto simplificado, com terminais ainda em<br />
fase de protótipo, implantado na agência Jumana, na zona do Mercado, em São Paulo.<br />
Um dia, Karman convidou Sanchez para conhecer a experiência. Este elogiou, achou<br />
bonito mas não se deu por vencido: "Agora você vai ver a nossa agência!" exclamou<br />
com orgulho. E o levou, de helicóptero até a Cidade de Deus, onde lhe apresentou um<br />
sistema completo e sofisticado, terminais com design definitivo, leitora de<br />
caracteres magnéticos e outros equipamentos. Karman sentiu um frio no estômago.<br />
Saiu da sede do Bradesco convencido de que seria difícil vencer a corrida, mas<br />
decidido a tentar alguma solução. Aquilo não podia ficar sem resposta!<br />
Dias depois, Setúbal e outros diretores do Itaú também visitaram a agência<br />
central do Bradesco. Ao regressar, obrigaram o orgulhoso Karman a suportar uma<br />
avalanche de broncas e cobranças. O pior é que Setúbal, como Karman temia, se<br />
deixara impressionar com o pequeno vídeo do terminal-caixa do Bradesco (o do Itaú<br />
dispunha apenas de um simples visor alfanumérico), sendo difícil lhe explicar que,<br />
voluntariamente, a Itautec descartara aquela opção por achar que o operador de<br />
caixa, bastante treinado e sabendo todas as operações de cor, não precisaria de<br />
informações no vídeo, bastando-lhe conhecer os códigos e valores. Já os clientes,<br />
sim. Acicatado por Setúbal, Karman mandou projetar um terminal de cliente bastante<br />
atraente e com todas as facilidades. Foi uma correria para criar o novo produto,<br />
aperfeiçoar os existentes, melhorar o desempenho do sistema e tentar, mais uma vez,<br />
sair na frente do Bradesco. Até porque a agência da Cidade de Deus destinava-se<br />
mesmo a impressionar os visitantes, atendendo tão somente aos funcionários do<br />
banco, e não ao público. Os dois lados se empenharam na disputa. Sanchez apertava<br />
Cardoso, na SID. "Tem que andar!". Na Itautec, todos corriam feito loucos.<br />
Setúbal decidiu que, para fazer bonito, o Itaú começaria a se automatizar pela<br />
sua maior agência, a Central. "E vamos fazer uma festa!", garantiu. Convidou<br />
autoridades, banqueiros, os titulares da SEI e conseguiu inaugurar o sistema, uma<br />
semana antes do concorrente. Karman fez questão de ciceronear Sanchez que,<br />
polidamente, fora prestigiar a festa. "Eu sei que você conhece tudo. Mas tem uma<br />
novidade", deliciava-se enquanto mostrava a Sanchez o original terminal de cliente,<br />
operado a toque dos dedos diretamente na tela.<br />
Olavo Setúbal mandou instalar a segunda agência on-line do Itaú na praça<br />
Panamericana, em frente à que o Bradesco escolhera para deflagrar o seu processo de<br />
automação. E a terceira, em frente à sede da IBM, na Rua Tutóia. O Itaú estava<br />
mesmo disposto a provocar!<br />
Esta, em frente à IBM, teve um sabor especial. Tradicional fornecedora do<br />
banco, a multinacional recusava-se a acreditar que o sistema viesse a funcionar.