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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Flávio Sehn mantinha estreito contato com a Capre, acompanhando - e apoiando -<br />

seus esforços para a implantação de uma indústria nacional de informática. Quando<br />

foi anunciada a concorrência, os gaúchos estavam maduros. Uma comissão formada por<br />

Sehn e Dionísio Azambuja, da Procergs, Ana Maria Mandelli, da diretoria da<br />

Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - Fiergs -, Paulo Renato<br />

Ketzer de Souza, da Parks, Paulo Velhinho, da Springer e por um representante da<br />

Secretaria de Indústria e Comércio, se encarregou de sensibilizar a iniciativa<br />

privada local para a idéia de se instalar uma fábrica de minicomputadores no<br />

estado. Para obter adesões, Sehn aproveitou até mesmo os encontros ocasionais nas<br />

salas de espera de aeroportos, durante as inúmeras viagens que era obrigado a<br />

fazer. De uma vez, entre a primeira e última chamada para o embarque, era o<br />

presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul que se comprometia a subscrever<br />

uma parte do capital da empresa a ser formada. De outra, em uma conversa alongada<br />

por um vôo atrasado, era o superintendente do Banco Regional de Desenvolvimento<br />

Econômico que se dispunha, não só a entrar no capital, como a procurar outros<br />

acionistas. O governo do estado apoiou o projeto através de suas Secretarias de<br />

Indústria e Comércio e da Fazenda. Com capital de 40 milhões de cruzeiros, a Edisa<br />

foi, afinal, constituída com a participação da Procergs (5%), Banrisul (10%), BRDE<br />

(22,5%), Cia. Iochpe de Participações (10%), Cia. Habitasul (10%) e mais 16 outras<br />

empresas. Por pertencer aos quadros da administração pública — era funcionário da<br />

Secretaria da Fazenda cedido à Procergs — Sehn não pôde ser o seu primeiro<br />

presidente. Em seu lugar ficou Paulo Renato Ketzer de Souza, tendo como diretores<br />

Ana Maria Mandelli e Dionísio Azambuja.<br />

Uma vez criada, a Edisa teve que correr contra o relógio para apresentar um<br />

projeto à Capre, dentro do prazo estipulado. Por dois motivos resolveu procurar a<br />

Fujitsu para negociar o licenciamento de tecnologia. Em primeiro lugar, era<br />

conhecida a intenção dos japoneses de entrar no mercado brasileiro, quase<br />

concretizada durante o processo de criação da Cobra. Ao mesmo tempo, Sehn e seus<br />

amigos raciocinaram que, certamente, os demais concorrentes estariam negociando<br />

tecnologia nos Estados Unidos. Portanto, procurar uma opção no Japão contribuiria<br />

para diversificar as opções <strong>tecnológica</strong>s brasileiras.<br />

A Fujitsu se dispôs a ceder a tecnologia do computador U200. Não era o projeto<br />

adequado mas valia a pena tentar para, em uma outra oportunidade, negociar a<br />

tecnologia de outro modelo. Na verdade, o tempo extremamente curto impedia fazer<br />

muitas exigências ou buscar outros parceiros. Ou se fechava um acordo com os<br />

japoneses ou se perdia o bonde. A questão tempo era tão crucial que, quando alguns<br />

técnicos da Fujitsu desembarcaram em Porto Alegre dispostos a revisar o projeto,<br />

foi necessário destacar um engenheiro da Procergs para entretê-los, durante dois<br />

dias, em passeios pelos pontos turísticos da cidade, até se criar um mínimo de<br />

intimidade que permitisse lhes revelar ser impossível aceitar qualquer<br />

questionamento ou alteração no trabalho.<br />

Enquanto isso, Amorim prosseguia sua via crucis pelos gabinetes ministeriais.<br />

O próximo encontro seria com o ministro Euclides Quandt e, também, não se prometia<br />

fácil.<br />

O Ministério das Comunicações iniciara uma política industrial para o seu<br />

setor, semelhante à que a Capre tentava introduzir na informática. Os técnicos do<br />

Ministério haviam identificado uma grande mudança <strong>tecnológica</strong> a caminho. Dentro de<br />

poucos anos, as centrais de comutação com tecnologia analógica seriam substituídas<br />

por centrais digitais. A nova tecnologia vinha sendo desenvolvida no Japão, nos<br />

Estados Unidos, em poucos outros países. Ora, por que não desenvolvê-la também no<br />

Brasil, paralelamente ao que se fazia lá fora? Pensando assim, o Minicom baixou a

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