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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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e pobre cidade de Montes Claros, visando beneficiá-la de incentivos fiscais da<br />

Sudene. Por fim, enfrentou um problema previsível: na época, a maior parte do<br />

mercado de semicondutores era cativo, dadas as ligações <strong>tecnológica</strong>s ou<br />

empresariais entre fornecedores multinacionais de componentes e montadores<br />

multinacionais de equipamentos. Resultado: a Transit começou a acumular prejuízos<br />

em cima de prejuízos e Hindemburgo passou a ter problemas e atritos com seus<br />

principais financiadores - Marcos Vianna, no BNDE e José Pelúcío Ferreira, na<br />

Finep. Acusando Hindemburgo de ser muito pródigo com os recursos da empresa - dos<br />

quais, 93% originaram-se de fundos públicos -, inclusive pela construção de<br />

luxuosas instalações para hóspedes em Montes Claros, o BNDE decidiu só continuar<br />

apoiando a empresa se assumisse seu comando direto, com o que não concordou seu<br />

idealizador. O assunto arrastou-se durante o governo Geisel, inclusive porque uma<br />

providencial ajuda da Telebrás deu novo fôlego a Hindemburgo. Por pouco tempo. Em<br />

1980, a situação da Transit revelou-se definitivamente insustentável, a empresa<br />

fechou e seus ativos físicos foram vendidos em hasta pública, não deixando rastros.<br />

Quando a SEI retomou a questão da microeletrônica, vislumbrava-se um quadro<br />

bem diferente de poucos anos antes. A indústria nacional de informática oferecia-se<br />

como mercado, outros segmentos da indústria eletrôníca digital estavam aparecendo e<br />

apresentavam-se grupos empresariais sólidos, dispostos a resolver o problema. Um<br />

deles deu uma prova concreta: Matias Machline adquiriu as instalações da Philco-<br />

Ford em Contagem, Minas Gerais, únicas do país a dispor de fornos de difusão,<br />

embora sem condições para produzir circuitos digitais de alta integração. Nesta<br />

fábrica passou a funcionar a SID Microeletrônica que, junto à Itautec e à Elebra,<br />

foi escolhida pela SEI para ocupar o futuro mercado brasileiro de circuitos<br />

integrados. Sabia-se que estas empresas necessitariam de muitos recursos para<br />

montar suas fábricas - ou reformar a sua, no caso da SID -, aparelhar laboratórios,<br />

entrar no mercado. A SEI calculou os incentivos fiscais e creditícios em torno de<br />

100 milhões de dólares. No final de 1980, encaminhou à Presidência da República, as<br />

minutas de dois decretos: o primeiro, dando-lhe poder para implantar uma política<br />

de microeletrônica; o segundo, instituindo os incentivos fiscais e creditícios às<br />

empresas. Figueiredo assinou o primeiro. O segundo, a SEI espera até hoje. A<br />

microeletrônica também.<br />

Enquanto a SEI tentava implantar suas ambicionadas políticas de software e<br />

microeletrônica, a indústria nacional aproveitava o guarda-chuva da reserva de<br />

mercado para conquistar seu espaço: fechou 1981 — apenas três anos depois de os<br />

primeiros fabricantes de mínis começarem a atuar - faturando 370 milhões de<br />

dólares, em um mercado avaliado em pouco mais de 1 bilhão de dólares. Entre<br />

fabricantes de minicomputadores, microcomputadores, impressoras, terminais de<br />

vídeo, terminais bancários, unidades de discos, equipamentos de comunicação etc.,<br />

somavam-se cerca de 140 empresas, empregando 8.800 pessoas, um quarto das quais com<br />

diploma de curso superior. Já a outra fatia do mercado, dita não-reservada, acabou<br />

mesmo reservada à IBM e à Burroughs. O controle das importações desestimulou as<br />

empresas estrangeiras interessadas em apenas vender, no Brasil, sistemas fabricados<br />

em outros países. Várias fecharam suas portas. Algumas, como a Sperry, manti<strong>vera</strong>m<br />

pequenos escritórios de representação e manutenção do parque instalado. A Olivetti<br />

reduziu suas atividades à fabricação de máquinas de escrever e alguns outros<br />

equipamentos de escritório. Em 1981, as multinacionais deram empregos a 12.200<br />

pessoas, isto é, 1.820 empregados por cada 100 milhões de dólares faturados no<br />

mercado, uma relação pior que a apresentada pelas empresas nacionais: 2.378<br />

empregados por cada 100 milhões de dólares faturados.<br />

Dois anos depois, a indústria alcançou resultados ainda mais expressivos.<br />

Faturou 687 milhões de dólares ou 46% de um mercado que atingiu 1,48 bilhão de<br />

dólares. Já se vislumbrava o ano em que as empresas nacionais ocupariam mais da

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