vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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Universidade. O sistema, inicialmente idealizado pelo pesquisador Paulo Bianchi,<br />
evoluiu, envolvendo o desenvolvimento de uma unidade cassete, um terminal de vídeo<br />
simples e um terminal de vídeo programável. E gerou oito teses de mestrado.<br />
Deixando o NCE aprender que existe mercado para pesquisas universitárias, Ivan<br />
voltou para Berkeley e terminou o seu doutorado. Um ano depois, regressou<br />
definitivamente e, instalado no NCE, continuou a estimular a concepção de novos<br />
projetos. Previram-se os desenvolvimentos de um terminal de vídeo, de um terminal<br />
inteligente baseado no microprocessador Intel 8008 e de um sistema de processamento<br />
de texto destinado aos alunos da Coppe.<br />
No final de 1972, Ivan começou a divulgar para platéias universitárias a<br />
experiência do NCE. Em uma palestra que soou como música aos ouvidos de Marília e<br />
de sua colega Sueli Mendes, Ivan garantiu aos pesquisadores do Departamento de<br />
Informática da PUC, ser possível ir além do ensino e da apresentação de papers em<br />
congressos no exterior. Ensinar era importante, reconhecia, mas precisava-se dar<br />
uma outra dimensão à universidade. Marília e Sueli não duvidavam de que a<br />
universidade poderia fazer mais do que "parir teses", um exercício vazio em um país<br />
à margem do desenvolvimento tecnológico, e que se esgotava em sua apresentação.<br />
Então, Ivan lhes apontou esse "bem mais", ensinando o que aprendera em Berkeley.<br />
Que "tecnologia é ciência aplicada a problemas eminentemente práticos". Que, em<br />
"determinadas circunstâncias, como no caso brasileiro, o papel do pesquisador não<br />
se resume a avançar a fronteira do conhecimento, mas sim avançar a fronteira do<br />
conhecimento brasileiro". Que as "novas tecnologias precisam ser fixadas entre os<br />
profissionais, e isso só acontecerá quando o know-how absorvido ou gerado nas<br />
universidades for efetivamente usado no país para a produção de bens e serviços".<br />
Como conseqüência do que dizia, Ivan pregava a necessidade de se promover maior<br />
integração entre os centros de pesquisa universitários e a indústria brasileira na<br />
área da computação, através da realização de projetos que atendessem à realidade do<br />
país. Nessa proposta estava implícita a aceitação dos limites da capacidade da<br />
indústria nacional. Ou seja, os suprimentos não disponíveis internamente deveriam<br />
ser importados.<br />
A palestra de Ivan, as reuniões com o Saur e Guaranys e o próprio processo de<br />
questionamento interno fizeram o pessoal da PUC pensar. Além disso, não nadavam em<br />
dinheiro. O projeto do GTE dava-lhes uma boa chance para complementar os salários.<br />
Reflexão em cima de reflexão, concluíram que estavam diante de uma grande<br />
oportunidade para crescer o Departamento e oferecer aos estudantes uma formação<br />
mais completa. Ninguém se iludia quanto a desenvolver tecnologia de ponta em<br />
software — afinal, fazer um compilador Fortran era algo totalmente dominado no<br />
exterior - mas ganhariam uma experiência até então impossível de ser obtida no<br />
Brasil.