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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Como representante comercial da Sycor no Brasil, a Olivetti mereceu da Capre<br />

prioridade para negociar com empresas brasileiras a fabricação do equipamento, com<br />

transferência de tecnologia. No início de 1977, bateu às portas de sua matriz, na<br />

cidade italiana de Ivrea, o secretário-executivo da Capre, em pessoa, buscando um<br />

acordo de transferência de tecnologia para a Cobra. Acompanhado do responsável pelo<br />

escritório carioca da empresa, o italiano naturalizado brasileiro Candido Leonelli,<br />

Saur tentou convencer os diretores da área internacional a licenciar a DE 525, ou<br />

Sycor 440, o modelo mais avançado de data-entry, dotado de disco flexível. Lá, no<br />

entanto, o aguardavam interlocutores céticos quanto ao sucesso da política de<br />

informática brasileira e insatisfeitos com as restrições às importações. A<br />

Diretoria da empresa queixava-se duramente da impossibilidade de sua filial<br />

brasileira importar máquinas contábeis fabricadas pela Olivetti argentina,<br />

prejudicando o intercâmbio comercial entre consorciados. Saur insistia em falar nas<br />

vantagens de sua proposta e os italianos reclamavam do problema das máquinas<br />

contábeis. Dois monólogos que não levaram a nenhuma conclusão. Constatando que a<br />

Olivetti estava irredutível - "não se vendem as jóias da coroa", foi o argumento<br />

final de um dos seus diretores - Saur voltou ao Brasil, sentindo-se livre para<br />

negociar diretamente com a Sycor. Para não perder os anéis, a Olivetti ficou sem os<br />

dedos...<br />

Os data-entries eram apenas um dos diversos nós dos sistemas de automação<br />

bancária. Sua disseminação e popularização exigiria uma parafernália de outros<br />

produtos, tais como terminais-caixa, terminais de consulta, sistemas de<br />

transferência eletrônica de fundos, leitoras e marcadoras de caracteres magnéticos,<br />

impressorinhas de extrato e minicomputadores modulares e flexíveis. E software,<br />

muito software. Só sistemas operacionais poderosos possibilitariam acessar,<br />

processar e atualizar, com rapidez e confíabilidade, o enorme volume de dados<br />

gerados por centenas de agências espalhadas de norte a sul do país. Não se tratava<br />

apenas de um novo e poderoso mercado se abrindo à indústria nacional. Era uma<br />

oportunidade <strong>tecnológica</strong> ímpar, pois pouca coisa disso existia lá fora.<br />

Em 1978, o sistema Bradesco Instantâneo começou a ser conceituado. Era um<br />

sistema sui-generis, pressupondo que os terminais de caixa fossem capazes de ler os<br />

caracteres magnéticos gravados na parte direita inferior dos cheques. Um único<br />

problema: as máquinas leitoras não estavam disponíveis sequer no mercado mundial.<br />

Depois de tentar que as multinacionais instaladas no país se interessassem em<br />

projetar e fabricar o equipamento, o Banco decidiu montar o seu próprio laboratório<br />

de eletrônica digital, trazendo para comandá-lo o engenheiro Pedro Lee, um<br />

brasileiro há 12 anos trabalhando nos laboratórios da IBM em San José, na<br />

Califórnia. Em oito meses, Lee e mais sete técnicos criaram o primeiro leitor<br />

manual de caracteres magnéticos do mundo. Logo depois foram desenvolvidos os<br />

terminais-caixa, de consulta e uma impressora de extratos para ser operada pelo<br />

cliente, a serem fabricados pela SID e pela Digilab, empresas nas quais o Banco<br />

detinha participação acionária. No início de 1981, o Bradesco inaugurou, em São<br />

Paulo, sua primeira agência automatizada, com 15 mil contas correntes.<br />

Ao contrário do Bradesco, que preferiu participar minoritariamente em três<br />

empresas industriais (Cobra, SID e Digilab), o Itaú decidiu, seguindo o exemplo do<br />

Citibank norte-americano, criar sua própria empresa para desenvolver e fabricar<br />

seus sistemas: a Itautec. Ela herdou a experiência de uma equipe de engenheiros do<br />

banco que, desde 1977, chefiada pelo analista de sistemas Carlos Eduardo Correa da<br />

Fonseca, o Karman, dedicava-se a projetar alguns equipamentos, como uma interface<br />

para ligar os computadores do Banco à rede nacional de telex. Projeto este, aliás,<br />

que um escritório inglês de consultoria concluiu ser inviável, apesar da comodidade<br />

que ofereceria aos clientes, permitindo-lhes acesso às suas posições de cobrança de<br />

títulos através do telex. Em seguida, o grupo de Karman projetou um terminal-caixa,

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