vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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os estados; a Federação Nacional dos Jornalistas e sindicatos de jornalistas; a<br />
Associação de Advogados de São Paulo; cerca de dez sindicatos de trabalhadores,<br />
associações de docentes, até a União Nacional dos Estudantes. Houve quem<br />
imaginasse, nessa hora, que se iria reeditar a memorável campanha do "Petróleo é<br />
nosso"! O MBI foi festivamente lançado no auditório da USP, em abril, com um<br />
manifesto Em defesa da Tecnologia Nacional, no qual reivindicava, do Congresso, "a<br />
aprovação urgente de mecanismos legais de estímulo e proteção permanentes ao<br />
desenvolvimento tecnológico nacional, buscando assegurar, pelo mecanismo da reserva<br />
de mercado, a emancipação <strong>tecnológica</strong> do país". Para Edson, a construção dessa<br />
aliança, vista com desconfiança por alguns membros da Abicomp, era fundamental para<br />
dar ao movimento um sentido verdadeiramente social, subtraindo-lhe a pecha de<br />
atender a exclusivos interesses empresariais. Desde então, em suas intervenções<br />
públicas, procurou, sempre que possível, falar em nome do MBI.<br />
O PMDB entrou na batalha final bem mais preparado que o PDS. Embora Odacir<br />
Klein não tivesse logrado eleger-se senador em 1982, o trabalho que iniciara teve<br />
continuidade. Nova Comissão de Informática foi formada, liderada pelo senador<br />
Severo Gomes e por Cristina Tavares, dela participando os senadores Henrique<br />
Santillo, Pedro Simon (RS), Fábio Lucena (AM) e os deputados Odilon Salmoria (SC),<br />
Carlos Santana (BA), Ibsen Pinheiro (RS) e Freitas Nobre (SP). Tendo Milton<br />
Seligman como secretário, funcionava numa sala ligada ao Gabinete de Severo Gomes,<br />
só que escondida no 16° andar do Anexo do Senado. Para agilizar a consulta aos<br />
textos legais e outros documentos, nela foi instalado um terminal do Prodasen, que<br />
permitiu também que os parlamentares começassem a ver, na prática, como se opera um<br />
computador.<br />
A maioria pouco ou nada entendia do assunto. Perceberam que estavam diante de<br />
uma bandeira nacionalista e por isso nela se identificaram. Salmoria não teve pejo<br />
em dizer claramente nada saber sobre informática e pedir ajuda a Arthur Pereira<br />
Nunes. Propôs-se a fazer um curso de Fortran, acreditando que se entendesse dessa<br />
linguagem estaria mais habilitado a entender de informática. Arthur, com tato,<br />
explicou-lhe que a compreensão dos problemas políticos envolvidos na informática<br />
não passava por um curso de linguagem de programação.<br />
A essa altura, apesar de funcionário da SEI, Arthur já conquistara a confiança<br />
dos políticos ligados à área mais combativa do PMDB, com os quais se identificava<br />
ideológica e emocionalmente. Relacionou-se com eles enquanto Arthur, não como<br />
funcionário do governo. Mas, enquanto Arthur, dominava um conhecimento necessário à<br />
Oposição: como fazer a Política de Informática avançar num sentido democrático sem<br />
que o governo, por isto, recuasse no seu projeto de institucionalização. As<br />
conversas com Arthur sinalizaram para a Comissão do PMDB os passos a dar.<br />
O apelo de Salmoria acendeu em Arthur a idéia de organizar um curso sobre<br />
informática para os parlamentares. Um curso que transmitisse noções técnicas num<br />
envólucro político: o que é sistema operacional, como funciona um banco de dados, a<br />
tecnologia dos computadores e outras informações inseridas no esclarecimento dos<br />
porquês deveria o Brasil dominar essas tecnologias. Contatou alguns amigos da área,<br />
trouxe-os do Rio, de Campinas ou de Brasília mesmo, e obteve excelentes resultados.<br />
Foram alunos aplicados José Eudes, Pimenta da Veiga, José Jorge, Odilon e a sempre<br />
presente Cristina, a melhor aluna. Nos meses seguintes, todos eles ocupariam<br />
importantes posições na batalha do Congresso.<br />
Se não existiram dúvidas quanto ao alinhamento do PMDB a uma política de<br />
capacitação <strong>tecnológica</strong>, mais complicadas ficavam as discussões quando envolviam as<br />
relações do partido com o governo. Políticos de expressão, entre eles o mitológico<br />
senador Teotônio Vilela, engajado em uma campanha nacional pela convocação da