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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Outro que também arrumava as gavetas era Ricardo Saur. Não só as gavetas, mas<br />

as malas: preparava-se para assumir a Vice-Presidência Executiva da Edisa, em Porto<br />

Alegre, cargo antes destinado a Paollilo.<br />

Para Saur, chegara a hora de deixar a Capre. Não alimentava qualquer ilusão<br />

quanto a ter um lugar dentro do órgão que seria criado pelo GTE/I. E, quando<br />

mudaram os ministros à frente da Seplan, decidiu antecipar a saída. Ir para a<br />

iniciativa privada apresentou-se como uma boa oportunidade para vivenciar, por<br />

dentro, a implantação da indústria nacional de informática. Se, até aquele momento,<br />

decidira o destino das empresas em seu gabinete de tecnocrata, agora queria<br />

enfrentar a realidade das fábricas.<br />

A partir do momento em que aceitou o convite da Edisa, Saur sentiu-se impedido<br />

de tomar algumas iniciativas dentro da Capre. Estava disposto a levar o órgão até o<br />

fim mas, ao mesmo tempo, acabara de se comprometer com uma determinada empresa.<br />

Para evitar eventuais acusações futuras de favorecimento, ele deixou nas mãos de<br />

Paulo Roberto a responsabilidade pela liberação das guias de importação. Nas suas<br />

últimas semanas de Capre, não assinou mais qualquer guia.<br />

Tanto quanto Carlos Augusto e Pegado na Cobra, a saída de Saur também provocou<br />

traumas na Capre. Ali, ele era o líder, o escudo protetor e os funcionários, em uma<br />

primeira reação, acusaram-no de estar fugindo, abandonando o barco antes de<br />

afundar. Sua última tarefa foi explicar aos técnicos junto aos quais travara tantas<br />

batalhas ao longo de sete anos que, ao contrário, sua saída os protegia. O alvo era<br />

ele. Portanto, desde já colocava-se fora de combate.<br />

No dia 14 de setembro, num coquetel que reuniu os ministros do Planejamento,<br />

Delfim Netto, das Relações Exteriores, Saraiva Guerreiro, e do EMFA, general Samuel<br />

Alves Correa (que substituiu o general Serpa, falecido tempos antes), o GTE/I<br />

entregou o relatório final de seu trabalho. Em relação ao relatório da Comissão<br />

Cotrim trazia uma importante mudança de atitude: reconhecia que a política<br />

desenvolvida pela Capre para o segmento industrial estava basicamente correta e,<br />

portanto, deveria ser não só mantida, como reforçada e ampliada. Fora isso,<br />

insistia em acusar a inexistência de uma política global de informática, apontando<br />

as diversas lacunas que deveriam ser preenchidas. Para começar, faltavam incentivos<br />

ao desenvolvimento tecnológico do setor e mecanismos de acompanhamento e<br />

coordenação dos projetos de pesquisa e desenvolvimento. Faltavam políticas e<br />

mecanismos de estímulo e acompanhamento da formação de recursos humanos<br />

especializados. Faltavam mecanismos de coordenação dos vários instrumentos de<br />

política econômica, fiscal e administrativa, quando aplicados à informática.<br />

Faltavam, ainda, uma política de utilização racional dos recursos de computação dos<br />

vários ministérios, normas sobre o controle e tráfego de informações para dentro e<br />

para fora do país (fluxo de dados transfronteiras), e um cadastro centralizado dos<br />

vários bancos de dados existentes.<br />

A relação das carências no trabalho até então feito pela Capre não parava aí.<br />

Dois pilares de qualquer política de informática foram considerados completamente<br />

desassistidos: microeletrônica e software. E, por fim, como seria óbvio, o GTE/I<br />

concluiu que os órgãos do setor - além da Capre e da Digibrás, o Grupo Executivo da<br />

Indústria de Componentes - Geicom —, ligado ao Ministério das Comunicações - não<br />

possuíam hierarquia e estrutura adequadas para formular, coordenar e executar a<br />

Política Nacional de Informática.<br />

Feito o diagnóstico, as recomendações do GTE/I eram as esperadas. A política<br />

industrial deveria ser mantida e ampliada. O governo deveria concentrar seus<br />

investimentos na criação de institutos de pesquisas e formação de recursos humanos,

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