vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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do Congresso. Assim, o general soube que ganhava corpo a idéia de subordinar a SEI<br />
à Comissão de Informática e esta à Presidência da República. Sem falar na exigência<br />
do PMDB em submeter os Planos de Informática à apreciação e decisão do Congresso.<br />
Venturini, no início, não gostou. Dytz também não. Seria difícil, entretanto,<br />
defender o projeto original nestes pontos. Não insistiram neles. Melhor: Dytz os<br />
negociou com o PMDB em troca da não inclusão na lei de direitos relativos ao<br />
"desemprego tecnológico" e à privacidade dos cidadãos, reivindicados pelos<br />
deputados do PT.<br />
Freqüentando, junto com Noronha, o apartamento de Virgílio Távora para ajudálo<br />
a colocar em forma de texto legal os resultados de seus entendimentos com<br />
Venturini, Dytz preocupou-se mais quando o senador aceitou uma idéia de criar<br />
"distritos de exportação de informática" no Norte e Nordeste brasileiros, à<br />
semelhança dos existentes no Sudeste Asiático. Tentou por todos os meios demovê-lo.<br />
Mostrou o interesse de Roberto Campos por esta imprevista novidade. Explicou como<br />
esses distritos acabariam colocando seus produtos no próprio mercado brasileiro,<br />
inviabilizando toda a idéia da reserva de mercado. Virgílio, acreditando que eles<br />
geram empregos e nos dividendos políticos da idéia, manteve-se irredutível. O<br />
máximo que Dytz e Noronha conseguiram foi explicitar no texto que a produção desses<br />
distritos seria totalmente exportada.<br />
Outro problema foi causado pelo senador Fábio Lucena. Amazonense, propôs a<br />
inclusão na lei dos termos do Convênio SEI-Suframa. Esse convênio arbitrou a<br />
difícil convivência da reserva de mercado com a total liberdade concedida à Zona<br />
Franca de Manaus para importar componentes e materiais destinados à indústria<br />
eletrônica lá instalada. Como não existe qualquer impedimento à internação no<br />
Brasil dos produtos fabricados na Zona Franca, esta, por um momento, atraiu os<br />
fabricantes de computadores, ameaçando liquidar com a indústria em seu nascedouro,<br />
assim como já destruíra todo o parque de fabricação de aparelhos eletro-eletrônicos<br />
de entretenimento, nacional e multinacional, instalado em diferentes estados<br />
brasileiros. O problema suscitou polêmica entre os sócios da Abicomp e acabou<br />
resolvido pela SEI, num acordo com a Suframa, estabelecendo que, na análise de<br />
projetos para fabricação de bens de informática em Manaus, a SEI seria consultada.<br />
Dytz tentou convencer o agressivo senador do Amazonas que o Convênio não estava<br />
ameaçado, sem resultado. Pediu ajuda a Venturini, mas o general preferiu conciliar,<br />
autorizando a inclusão da emenda de Lucena.<br />
Virgílio elaborou, ao todo, sete substitutivos. Um trabalho facilitado pelo<br />
microcomputador Cobra 305 com um SPP - primeiro aplicativo de processamento de<br />
textos desenvolvido no Brasil - que Saur e Calicchio fizeram instalar em seu<br />
gabinete. Cada substitutivo envolvia negociações com parlamentares membros ou não<br />
da Comissão Mista, num paciente trabalho de costurar acordos que resultassem na<br />
construção da maior base política possível para o projeto no momento em que<br />
chegasse ao plenário para votação.<br />
Desde o primeiro substitutivo caracterizou-se uma séria divergência entre o<br />
relator e o PMDB: influenciada por Edson Fregni, a Oposição queria tornar a reserva<br />
de mercado ainda mais explícita do que no texto original do projeto do Executivo,<br />
adotado por Virgílio. A partir do segundo substitutivo, o senador cearense ofereceu<br />
novo motivo para irritar o PMDB: retirou da relação das "atividades de informática"<br />
abrangidas pela lei a comutação digital. Isto é, o pilar das telecomunicações, das<br />
redes de dados. Cristina viu aí o dedo do Minicom.<br />
No dia da apresentação da versão definitiva do substitutivo à Comissão Mista,<br />
Dytz e Virgílio Távora almoçaram no sítio do general Venturini, repassando os<br />
últimos detalhes. Aparentemente, tudo bem. O secretário de Informática estava com<br />
viagem marcada para o Rio, onde faria uma palestra no Encontro Nacional das