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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Portaria 661/75 determinando que o futuro mercado de comutação digital — ou de CPAs<br />

— deveria ser ocupado por equipamentos desenvolvidos no país. Para projetá-los, a<br />

portaria criou o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento - CPqD, vinculado à Telebrás.<br />

Os projetos seriam transferidos a empresas privadas nacionais selecionadas, que<br />

participariam do desenvolvimento e se transformariam em fornecedoras privilegiadas<br />

do mercado estatal das telecomunicações. Então, este mercado era inteiramento<br />

atendido por três grupos multinacionais: ITT, através da Standard Elétrica, Siemens<br />

e Ericsson. O Minicom, portanto, estava se propondo a aproveitar o corte<br />

tecnológico para excluir estas empresas do mercado brasileiro, substituindo-as pelo<br />

capital e tecnologia nacionais.<br />

Está claro que, num ambiente assim, a IBM também não atraía maiores simpatias.<br />

Além do mais, os técnicos do ministério eram competentes, conheciam o assunto a<br />

fundo, muitos se formaram no ITA e se orgulhavam de terem criado um dos mais<br />

eficientes serviços públicos do Brasil - o sistema de telecomunicações - e empresas<br />

bastante produtivas como a Embratel e a Telebrás. Pois Quandt não fez por menos: ao<br />

invés de receber Amorim sozinho, em seu gabinete, convocou uma reunião do<br />

ministério com a IBM. Cerca de 70 técnicos foram chamados para um encontro com<br />

Amorim, no auditório do ministério, em Brasília. Durou das nove da manhã às seis da<br />

tarde, com intervalo para almoço. Amorim, Gil e seus assessores se desdobraram,<br />

falando das qualidades técnicas dos sistemas IBM, das estratégias comerciais da<br />

empresa, dos benefícios que trazia para o país, gerando empregos, aumentando a<br />

eficiência da economia etc.<br />

Ao final, haviam feito um bom marketing com resultados políticos, porém,<br />

incertos.<br />

No dia 8 de setembro, 16 empresas apresentaram à Capre seus projetos de<br />

fabricação. Sete eram 100% estrangeiras, com tecnologias oriundas de suas próprias<br />

matrizes: IBM, Burroughs, NCR, Olivetti, Four Phase, Hewlett-Packard e TRW. Seis<br />

eram nacionais, com tecnologias licenciadas por fornecedores externos:<br />

Prontodata/Isdra (tecnologia Philips), Sharp/Inepar/Dataserv (tecnologia Logabax),<br />

Edisa (tecnologia Fujitsu), Elebra (tecnologia Honeywell-Bull), Docas de Santos<br />

(tecnologia NEC) e Labo Eletrônica (tecnologia Nixdorf). Duas candidatas nacionais<br />

afirmaram dispor de desenvolvimento próprio: Ifema e Hidroservice/J.C. Mello. Outra<br />

empresa nacional formou uma joint-venture com o fornecedor externo de tecnologia: a<br />

Maico com a Basic Four. Duas multinacionais, com importante presença no mercado<br />

brasileiro, acabaram não participando: a Sperry-Univac e a Control Data. Resol<strong>vera</strong>m<br />

entrar na última hora, solicitaram à Capre uma prorrogação nos prazos, o que<br />

logicamente lhes foi negado.<br />

A imprensa só prestou atenção ao comportamento das grandes multinacionais,<br />

apontado como uma rejeição à política da Capre. "Múltis repelem nacionais para<br />

fazer minicomputadores ", escreveu a Folha de São Paulo. O pequeno jornal carioca<br />

Luta Democrática reagiu em um editorial: "Uma atitude inaceitável". Na verdade,<br />

confiantes em sua força de mercado, os grandes grupos recusaram acordos. Os grupos<br />

menores, porém, viram na proposta brasileira uma oportunidade para entrar em um<br />

novo mercado, como supridores de tecnologia. Daí, as respostas positivas da<br />

francesa Logabax, da japonesa Fujitsu, da alemã Nixdorf, empresas ainda pouco<br />

conhecidas deste lado do Atlântico. Para a Capre, a presença de muitas propostas de<br />

empresas 100% nacionais, ainda que com tecnologia licenciada, foi uma grata<br />

surpresa. Não contava com tanto.<br />

Apresentadas as propostas, o governo assumiu uma atitude diplomática, evitando<br />

se comprometer politicamente com qualquer possível decisão, mas evitando dar curso

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