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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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convence da necessidade de submeter a informática a um debate parlamentar.<br />

Entretanto, não houve tempo para adoção de qualquer providência mais concreta antes<br />

de 1982, ano eleitoral. Deputados e senadores tinham outras preocupações mais<br />

imediatas: renovar seus mandatos.<br />

Somente em 1983, como primeiro-secretário do Senado Federal, Santillo<br />

movimentou-se para realizar um simpósio que introduzisse a informática no<br />

Congresso. Para definir as linhas básicas do encontro, promoveu uma reunião, em seu<br />

gabinete, com o senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB-SP), o coronel Joubert<br />

Brízida e seu assessor Airton Fagundes, a deputada Cristina Tavares e Milton.<br />

Nenhum dos políticos presentes, todos da ala esquerda do PMDB, nutria qualquer<br />

simpatia pela SEI, identificada automaticamente com o temido SNI. Entretanto, até<br />

para bem cumprir seus papéis parlamentares, não se podia ignorar o órgão. Já<br />

Brízida, atendeu bem satisfeito ao convite para essa reunião exploratória. Seria<br />

uma boa oportunidade para desfazer o mal-estar que provocara no Congresso, ao<br />

declarar, em um seminário promovido por jornalistas paulistas, que os parlamentares<br />

não estavam preparados para tratar do assunto informática. Precisavam antes se<br />

informar bastante. Apoiaria, pois, a idéia que lhe pareceu sob medida para<br />

apaziguar os ânimos e dar o necessário embasamento aos senadores e deputados.<br />

Outro motivo deixou Joubert à vontade para comparecer ao encontro. O movimento<br />

para institucionalizar a Política contava com um inesperado aliado dentro do<br />

próprio Conselho de Segurança Nacional: o secretário-geral, general Danilo<br />

Venturini. Quanto mais estudava o assunto, mais Venturini se convencia de que esse<br />

era o caminho capaz de dar à informática, além de expressão política, roupagem<br />

legal que lhe permitisse resistir a pressões externas e internas. "Os americanos<br />

são muito persistentes na perseguição dos seus objetivos, mas também são muito<br />

formais e cumprem as leis à risca. Se nós tivermos uma lei eles pensarão duas vezes<br />

antes de pressionar", imaginava o general.<br />

Ao participar de uma solenidade no Rio Grande do Sul, em setembro de 1980,<br />

Venturini fez sua primeira declaração pública a favor da legitimação da Política.<br />

E, volta e meia, dava, aqui e ali, indícios de que se ocupava do assunto. Certa<br />

feita, no final de 1981, foi em conversa com o banqueiro Olavo Setúbal. Noutra, com<br />

o empresário Matias Machline. Ambos o procuraram, em ocasiões diferentes, cobrando<br />

os prometidos incentivos fiscais para a microeletrônica e sugerindo a sua adoção<br />

por via de decreto-lei. Venturini fez-lhes ver que a Política de Informática não<br />

teria vida longa se regulada por medidas autoritárias como um decreto-lei.<br />

Precisava, sim, de mecanismos legais com bases políticas mais amplas.<br />

O I Simpósio de Informática do Senado Federal foi realizado em junho de 1983.<br />

E, como esperavam seus organizadores, contou com um expressivo número de<br />

participantes. Lá estavam parlamentares de todos os partidos políticos, com a única<br />

exceção do PDT, e representantes das diversas entidades como Abicomp, a Associação<br />

Brasileira da Indústria Eletro-Eletrônica - Abinee -, a Associação das Empresas de<br />

Software e Serviços - Assespro -, a SBC, a Sucesu, a APPD. Ao final dos trabalhos,<br />

as entidades elaboraram um documento - base para uma moção do senador Henrique<br />

Santillo ao Congresso — pedindo que o processo de informatização da sociedade fosse<br />

conduzido democraticamente através do seu "foro legítimo", o Congresso Nacional,<br />

"de modo a assegurar que os benefícios sociais decorrentes sejam dirigidos ao homem<br />

brasileiro". O documento defendeu a reserva de mercado como um instrumento<br />

necessário, mas não suficiente, para a capacitação <strong>tecnológica</strong> do setor e concluiu<br />

afirmando ser "imperiosa a adoção de medidas legislativas que garantam o contínuo<br />

desenvolvimento do setor".<br />

Todos os participantes, quer fossem parlamentares, representantes das<br />

entidades ou representantes da SEI, foram unânimes em reconhecer a urgência de "se

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