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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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informação a todos os ministros, para que pudessem formular uma decisão sobre o<br />

/32, Velloso cedeu a palavra a cada um dos membros do Conselho Plenário.<br />

O primeiro a falar foi o representante do EMFA. Fernandes explicou que a<br />

opinião das três Forças Armadas estava contida na proposta de resolução encaminhada<br />

à última reunião do Conselho Plenário, dias antes.<br />

A proposta nasceu de uma missão confiada por Potyguara a Fernandes. Ganho para<br />

as teses nacionalistas, o general, porém, tinha dúvidas quanto às possibilidades de<br />

a Cobra atender às necessidades nacionais. Incumbiu Fernandes de fazer uma apuração<br />

e o que ele, três oficiais da Marinha, dois do Exército, dois da Aeronáutica e<br />

quatro do EMFA concluíram, após uma reunião com Carlos Augusto e demais diretores<br />

da Cobra, não foi muito animador: a empresa, abandonando suas finalidades<br />

originais, parecia entusiasmada com a possibilidade de vender máquinas Sycor no<br />

Brasil e relutava em industrializar o G-10. Para pressioná-la, Fernandes propôs ao<br />

Plenário da Capre, uma resolução estabelecendo alguns princípios para a política<br />

industrial: impedir a formação de monopólios, mas destinar o mercado de mínis e<br />

microcomputadores apenas a empresas sob controle acionário nacional; incentivar a<br />

criação de novas indústrias e a produção de equipamentos projetados e desenvolvidos<br />

internamente; e fixar um plano de nacionalização, cabendo à Digibrás e à Capre a<br />

sua fiscalização.<br />

Às vésperas da reunião da Fazendinha, o plenário preferiu deixar para analisar<br />

a proposta depois. Fernandes decidiu submetê-la diretamente aos ministros.<br />

- Esta proposta não discrimina o capital estrangeiro. Simplesmente estabelece<br />

regras de aceite e convívio, o que está no direito de nosso país exigir a fim de<br />

atender aos nossos interesses - concluiu o major.<br />

Todos os demais membros do Conselho acompanharam a posição de Fernandes. Saur,<br />

Ripper e Ivan buscaram, em breves palavras, demonstrar por que o Brasil deveria se<br />

capacitar tecnologicamente na produção de pequenos computadores. Fioravante<br />

levantou a hipótese de ser dado às empresas nacionais um prazo de carência de cinco<br />

anos - prorrogáveis ou não - para se firmarem, antes de o mercado ser aberto às<br />

empresas estrangeiras. O ministro Velloso voltou a falar e, desta vez, releu alguns<br />

trechos da carta que a IBM lhe endereçara. Num deles a empresa - retomando uma<br />

velha ameaça – afirmava que, "caso o governo não atenda nossas pretensões quanto à<br />

fabricação do /32, nós iremos procurar outro país membro da Alalc e usaremos os<br />

benefícios previstos no protocolo, para comercializar o /32 no Brasil."<br />

Pouco mais de uma hora depois, tendo os ministros feito algumas perguntas de<br />

esclarecimento, os membros da Capre foram dispensados. A decisão seria tomada<br />

durante um almoço privativo, ao qual apenas Élcio, na qualidade de secretário-geral<br />

da Seplan, teve acesso. Entre garfadas e goles de água, todos eles manifestaram uma<br />

concordância genérica com as teses da Capre mas rejeitaram, por ser politicamente<br />

indefensável, a proposta de Fioravante. Eles sabiam, por Velloso, quais eram as<br />

diretrizes do presidente Geisel: não deveriam ser permitidos os monopólios; o<br />

mercado deveria ser rapidamente ocupado; e, o mais importante, era proibido dizer<br />

"não" à IBM.<br />

O que fazer? Uma idéia embrionária que, alguma vez, já tinha sido apreciada<br />

por Velloso e Élcio, foi servida à mesa e, rapidamente, agradou a todos os<br />

paladares: realizar uma concorrência para definir a ocupação do mercado. A Capre<br />

decidiria, conforme critérios bem claros, que um certo número de empresas teria<br />

seus projetos aprovados para receber as guias de importação. No mesmo dia 31, o<br />

órgão já deveria submeter à aprovação do presidente Geisel a minuta de resolução,<br />

convidando as empresas interessadas a fazerem suas propostas, estabelecendo os

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