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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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dos parlamentares no plenário para ouvir uma simples leitura de projeto de lei não<br />

é tarefa fácil. O objetivo do senador era ganhar tempo enquanto se fortalecia o<br />

lobbing contrário à Política. As lideranças partidárias ti<strong>vera</strong>m que trabalhar para<br />

arregimentar deputados e senadores. Campos sustentou a obstrução até a noite de 29<br />

de agosto quando, afinal, o documento foi lido. Não sem muitas questões de ordens,<br />

apartes, "sr. presidente"... Numa dessas, o deputado do PMDB paulista, Del Bosco<br />

Amaral, fez um comentário qualquer de natureza econômica. A língua ferina de<br />

Roberto Campos imediatamente aparteou-o, afirmando que desde quando o deputado<br />

usava calças curtas, o que ele dizia já não era verdade em economia. Del Bosco<br />

mandou o troco: "Desde quando eu usava calças curtas, já identificava Vossa<br />

Excelência como um traidor da Pátria, um entreguista, um aliado dos interesses<br />

estrangeiros!"<br />

A Comissão Mista, presidida pelo deputado Freitas Nobre, com José Jorge de<br />

vice, começou a trabalhar na sala de reuniões da Comissão de Finanças do Senado, no<br />

dia 3 de setembro com um prazo até 8 de outubro para apresentar seu relatório e<br />

enviar o projeto emendado ou seu substitutivo, à votação do plenário. Integravamna,<br />

pelo PDS, os senadores Marco Maciel, Roberto Campos, João Lobo, Carlos<br />

Chiarelli, Marcondes Gadelha, Jutahy Magalhães e os deputados Djalma Bessa, Antônio<br />

Dias, Alvaro Valle, Darcílio Ayres; pelo PMDB, os senadores Severo Gomes, Pedro<br />

Simon, Henrique Santillo, Fábio Lucena e os deputados Cristina Tavares, Carlos<br />

Sant’Anna, Ibsen Pinheiro, Odilon Salmoria; pelo PDT, o deputado Brandão Monteiro.<br />

Relator: Virgílio Távora.<br />

Decidiu-se convocar diversas personalidades para depor, esclarecer os<br />

parlamentares e sugerir, em nome da sociedade, os aperfeiçoamentos que deveriam<br />

constar na lei. Os primeiros a serem ouvidos foram os presidentes da Sucesu, Hélio<br />

Azevedo, e da Abicomp, Edson Fregni. Usuário e fabricante, duas posições<br />

diametralmente opostas. Seguiram-se Eduardo Guy de Manoel (Assespro), Crodowaldo<br />

Pavan (SBPC), Rogério Cerqueira Leite (professor da Unicamp), Luís Eulálio Bueno<br />

Vidigal (Fiesp), Firmino Freitas (Abinee), Jones Santos Filho (Confederação<br />

Nacional da Indústria), Luís Martins (SBC), José Luiz Whitaker Ribeiro (Imbel),<br />

Matias Machline (Sharp), Carlos Viacava (Cacex), os ministros Murilo Badaró (MIC) e<br />

Haroldo Corrêa de Mattos (Minicom), Jorge Gerdau Johanpeter (Grupo Gerdau), coronel<br />

Ozires Silva (Embraer), Venturini, Dytz e os candidatos à Presidência da República,<br />

Paulo Maluf e Tancredo Neves.<br />

Foram debates ricos. Muito animados pela atuação incansável de Roberto Campos.<br />

Brindou Edson Fregni com epítetos como "ingênuo" e "infantil". Depois de elogiar<br />

Pavan como geneticista de renome internacional e se reconhecer totalmente ignorante<br />

em genética, pediu ao professor que "relevasse" não admirá-lo em suas "excursões<br />

pela ciência econômica e tecnologia industrial". Com Cerqueira Leite, o debate foi<br />

duro: chamou-o de "primitivo", recebendo como respostas, "primitivo é Vossa<br />

Excelência" e, logo depois, a qualificação "patriota entreguista".<br />

Campos tinha, do outro lado, uma oponente à altura: Cristina Tavares, outra<br />

que não mede palavras. Além de espicaçá-lo todo o tempo, não poupou os ministros<br />

contrários à reserva. Diante de Haroldo Corrêa de Mattos fez uma longa intervenção,<br />

historiando toda a política industrial do Minicom até denunciá-la por favorecer a<br />

"um cartório de três empresas multinacionais" em prejuízo da tecnologia nacional<br />

desenvolvida pelo CPqD. O ministro, tentando contestá-la, convidou-a a uma visita<br />

ao CPqD para "poder falar com absoluto conhecimento de causa". "Tenho conhecimento<br />

de causa", respondeu Cristina, "até porque eu sei que os engenheiros do CPqD não<br />

concordam necessariamente com a política desenvolvida pelo Ministro das<br />

Comunicações, o que é natural, pois Vossa Excelência também não concorda com a<br />

política do presidente da República." Gargalhadas gerais. "Quero lhe dizer que as

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