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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Inicialmente, comportou-se como se nada acontecesse. Karman, uma pessoa<br />

regularmente visitada pelos representantes técnicos da multinacional, passou a ser<br />

ignorado. O gelo durou até a inauguração da agência on-line. Aí assediaram o<br />

gabinete de Karman os vendedores, ou RTs como os chama a IBM, o gerente da Filial<br />

São Paulo, Célio Lugão, o pessoal do Rio e, por fim, técnicos americanos. Os<br />

motivos para tanto desconforto acabaram sendo explicados ao gerente de<br />

Desenvolvimento da Itautec, Lino Rolo. A IBM, simplesmente, não se conformava com o<br />

fato de a Itautec ter desenvolvido seu próprio sistema de gerenciamento da rede.<br />

Fazer os terminais tudo bem, mas porque não usar o mundialmente consagrado CICS? Da<br />

IBM, é claro. O Itaú, revelou Lino, pretendia diminuir ao máximo a dependência de<br />

um único supridor de equipamentos. De posse do seu próprio sistema gerenciador de<br />

redes, de seus concentradores de terminais, de suas unidades controladoras de<br />

comunicações e usando, portanto, apenas a UCP da IBM, o Itaú ficaria em condições<br />

de, se necessário, adquirir outros computadores centrais de outros fornecedores.<br />

Diante disso, restou a alguns técnicos da IBM tentar, de todas as maneiras,<br />

encontrar "algum furo" no sistema do Itaú. Uma dessas tentativas chegou a ser<br />

registrada nos anais da agência da Rua Tutóia. Um empregado da IBM, que por lá<br />

apareceu, esperou a agência ficar relativamente vazia, fez seis cheques de mil<br />

cruzeiros, sacou rapidamente em caixas diferentes e correu para o terminal de<br />

cliente tirar o seu extraio. Queria conferir se, naqueles rápidos minutos, o<br />

computador central debitara todos os cheques e atualizara o seu saldo. Para sua<br />

decepção, as operações tinham sido efetuadas. Saiu cabisbaixo e envergonhado sob as<br />

risadas dos bancários atrás dos caixas.<br />

O Bradesco concebeu seu sistema instalando minicomputadores SID nas agências,<br />

aos quais ligam-se os terminais-caixa e cliente. Os mínis conectam ao CPD da Cidade<br />

de Deus através dos sistemas de transmissão de dados instalados e operados pela<br />

Embratel, em todo o país. O Itaú preferiu, também via Embratel, conectar<br />

diretamente seus milhares de terminais ao computador central, na avenida do Estado.<br />

Enquanto isso, no Nordeste, o Banorte, um banco de proporções mais modestas,<br />

resolveu apostar em uma solução descentralizada, no seu entender mais adaptada às<br />

grandes distâncias, ao alto custo dos serviços de comunicação, à pulverização e<br />

baixa lucratividade das agências.<br />

Em janeiro de 1976, o diretor de Informática do Banorte, Zemar Carneiro de<br />

Rezende, encomendou um projeto a Arnon Schreiber. Arnon fizera para a Olivetti um<br />

estudo sobre as características e potencialidades do mercado brasileiro de<br />

automação bancária. Sua proposta final não encontrava similar no mundo e feria a<br />

cultura das grandes multinacionais, habituadas a vender sistemas apoiados em<br />

computadores de grande capacidade de processamento, os mainframes. Nenhum elemento<br />

do sistema, disse Arnon, deve ser vital para o funcionamento da rede e todos os<br />

dados devem estar no local em que são utilizados. Concluindo, sugeriu à Olivetti<br />

algumas modificações em seus equipamentos e programas de forma a adaptá-los ao<br />

processamento distribuído no Brasil. Mas a Olivetti não se interessou em investir<br />

em mudanças nos produtos. Ao contrário, pediu a Arnon que, baseado no seu<br />

conhecimento, lhe apresentasse uma estratégia de marketing que mostrasse aos<br />

usuários serem os seus sistemas os mais adequados ao país. Arnon irritou-se e,<br />

mantendo contatos com Ivan Marques, na Capre, foi estimulado a pôr em prática suas<br />

idéias. O convite de Zemar era sua grande oportunidade!<br />

Financiado pelo Banorte, Arnon criou a Digirede para escrever os software,<br />

projetar e fabricar os equipamentos. Apoiada por uma equipe de técnicos do Banco, a<br />

Digirede começou com 12 pessoas, incluindo o próprio Arnon. Todos faziam de tudo um<br />

pouco: soldavam peças, escreviam partes do software, projetavam as placas de<br />

memória, de comunicação, de UCP, da controladora de disco flexível. Viviam de<br />

mesada do banco. No fim do mês vinha o cheque, Arnon o descontava e dividia com

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