vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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evitaria problemas maiores no futuro, alegou o secretário da SEI. Além disso,<br />
informou, consultara algumas empresas e concluíra que a indústria não tinha<br />
condições, a curto prazo, de suprir o mercado com máquinas do porte do MG-2.<br />
Pior a emenda que o soneto. Então, por que, em vez de uma decisão silenciosa e<br />
secreta, a SEI não discutiu com os fabricantes os seus pontos fracos, tentando<br />
encontrar uma forma conjunta de neutralizar as pressões? Aliás, sequer admitiram a<br />
alegação de que a indústria não teria condições para suprir o mercado nos próximos<br />
dois anos. Se tivessem sido ouvidos - e garantiam que não foram - mostrariam que<br />
qualquer das empresas nacionais poderia fabricar computadores de médio porte no<br />
prazo de um ano e meio.<br />
Logo após o almoço, a Abicomp manifestou, em nota oficial, todo o seu<br />
descontentamento: "A decisão coloca em xeque a competência e a capacidade dos<br />
técnicos e empresários, no momento em que vultosos investimentos estão sendo<br />
realizados... e gera um clima de perplexidade no mercado, abalando a confiança do<br />
usuário nas soluções nacionais e a credibilidade da própria indústria."<br />
A indústria, cria da Capre, mostrou sua força diante da SEI. Enquanto seus<br />
executivos atazanavam a cúpula da Secretaria, seus acionistas controladores<br />
dirigiram-se, pelos tapetes que bem conheciam, diretamente à cúpula do governo. Até<br />
o empresário Henry Maksoud, conhecido por suas posições ultraliberais mas sentindo<br />
ameaçados seus investimentos na Sisco, movimentou-se, levando suas preocupações a<br />
ninguém menos que ao presidente João Figueiredo.<br />
As pressões surtiram efeito. A SEI comunicou à IBM que a liberação do 4331 MG-<br />
2 para fabricação condicionava-se a alguns compromissos: as suas vendas limitar-seiam<br />
a substituir o parque instalado na faixa do IBM 370/135 para cima, com preços<br />
mínimos iguais aos das configurações que substituíssem. Os periféricos seriam<br />
fornecidos pela indústria nacional. Impunha-se um limite ao número de sistemas<br />
comercializados anualmente, a obrigação de exportar três unidades para cada duas<br />
colocadas no mercado interno e ainda a necessidade de apresentar saldo no balanço<br />
de pagamentos - que é diferente de balança comercial.<br />
Feito o arranjo, fizeram-se as pazes. Em outubro, na Feira da Sucesu, os<br />
ministros Danilo Venturini e Otávio Medeiros percorreram apenas os estandes das<br />
empresas nacionais, guiados pelo presidente da Abicomp, o ex-Olivetti, agora SID,<br />
Giovanni Farina.<br />
Passada essa rusga, a SEI manteve, por um bom período, amena convivência com a<br />
indústria nacional. Contrariando as previsões de que iria modificar a política de<br />
informática, não só ratificou o conjunto das decisões da extinta Capre como ampliou<br />
o alcance da reserva de mercado para outras áreas: controle de processos, automação<br />
industrial, instrumentação, teleinformática, software e microeletrônica. Os<br />
primeiros Atos Normativos da SEI proibiram as importações de equipamentos<br />
destinados a controle de processos industriais tais como painéis, estações remotas<br />
e instrumentos digitais. Proibiram, também, a importação de caixas registradoras<br />
eletrônicas, um mercado dominado pela NCR, Olivetti e Burroughs. Em outro Ato, a<br />
SEI obrigou órgãos e entidades da administração federal a dar preferência, em suas<br />
licitações, à compra de equipamentos ou contratação de serviços junto a empresas<br />
nacionais.<br />
As áreas de teleinformática e microeletrônica contavam com dois fortes<br />
padrinhos: Joubert e Dytz, respectivamente. Teleinformática, ou mais precisamente,<br />
o fluxo de dados transfronteiras (FDT), emergiu, por essa época, como um dos mais<br />
polêmicos assuntos a nível mundial. O tema inseria-se em um debate aberto pela ONU<br />
em torno de "uma nova ordem mundial para a informação" e abrangia tanto dados de