vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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analisar as necessidades do setor. Em julho de 1974, o total dos equipamentos<br />
instalados crescera 46,6% em relação a um ano atrás, atingindo a 2.772<br />
computadores, sendo 57,3% minis. Esses pequenos sistemas, de preço médio inferior a<br />
30 mil dólares, vinham se disseminando aceleradamente: crescimento de 67% no ano, o<br />
maior do setor.<br />
Em número de equipamentos instalados, a Burroughs liderava com 1.199 máquinas,<br />
das quais 1.027 eram minicomputadores da linha L. A IBM vinha em segundo lugar, com<br />
725 equipamentos. A Capre não apurava o valor do parque instalado, mas ninguém<br />
duvidava que, se o fizesse, mostraria a IBM ocupando uns 60% do valor do mercado.<br />
Nos segmentos de máquinas maiores, com preços de venda equivalentes a vários e<br />
vários minis, ela reinava absoluta: eram seus 34 dos 42 sistemas de muito grande<br />
porte e 63 dos 72 de grande porte. Nas faixas dos médios e pequenos, 628 dos 1.070<br />
computadores eram IBM (os famosos médios 360 e os 1401, 1130 e /3). Nestas faixas,<br />
a Burroughs (160 máquinas) e a Honeywell-Bull (83) vinham em seguida. Por fim,<br />
também tinham importante presença no mercado brasileiro os minicomputadores da<br />
Olivetti (297 máquinas), da Philips (196) e da Digital (48). Além dessas, a<br />
pesquisa da Capre relacionava as seguintes empresas com negócios no Brasil: C.I.I,<br />
G.T.E., Hewlett Packard, NCR, Siemens, Singer, Univac e Varian. 1<br />
O mercado de transmissão de dados também crescia, embora muito aquém do<br />
mercado mundial. O presidente da Embratel, engenheiro Haroldo Corrêa de Mattos,<br />
previa que em 1975 mais da metade dos computadores instalados no mundo trabalhariam<br />
com teleprocessamento. No Brasil, apareciam os primeiros usuários: a rede bancária;<br />
as empresas de transporte aéreo (a Varig integrava uma rede internacional de<br />
transmissão de dados, que centralizava em Atlanta, nos Estados Unidos, seu sistema<br />
de reserva de passagens); as prestadoras de serviço como o Serpro, Light, INPS, a<br />
própria Embratel e a Cedag; o Senado Federal; o Ministério da Aeronáutica (que<br />
estava implantando o seu Sistema de Defesa Aérea e Controle de Tráfego); a IBM<br />
(ligando Maynard e White Plains, nos Estados Unidos, ao Rio e à fábrica em<br />
Campinas); e empresas do porte de uma Petrobrás, Volkswagen e Vale do Rio Doce.<br />
Definido o novo governo, Saur saiu do desânimo. Em primeiro lugar, o ministro<br />
Reis Velloso não só continuou, como assumiu uma posição mais forte. A Capre,<br />
certamente, colheria algum benefício dessa mudança. Em segundo lugar, estabeleceuse<br />
entre ele e o novo secretário-geral, Élcio Costa Couto, uma rápida e mútua<br />
confiança. Mineiro como ele e ex-diretor do programa Finame, do BNDE, Élcio não só<br />
o manteve secretário-executivo da Capre como ainda o indicou seu representante no<br />
Rio, já que, por determinação de Geisel, as altas autoridades deveriam trabalhar em<br />
Brasília, pouco vindo à antiga capital - hábito comum até o governo Médici. Élcio<br />
não tinha porque dar muita atenção à Capre, um órgão pequeno que se limitava a<br />
racionalizar o uso de computadores no setor público. Não fosse seu relacionamento<br />
pessoal com Saur, decerto que, nesse início de governo, os computadores pouco<br />
freqüentariam o rol de suas preocupações, mais voltadas para os macroproblemas da<br />
economia brasileira. Ele não era, porém, totalmente desinformado e insensível ao<br />
tema. Durante o período em que dirigiu o Finame, acompanhou os avanços do GTE e, ao<br />
receber de Velloso a incumbência de elaborar o II PND, cuidou de incluir o<br />
desenvolvimento de uma indústria eletrônica digital entre as metas do novo governo.<br />
Para a Capre, a relação com Élcio nesses termos, embora cômoda, não era mais<br />
suficiente. O trabalho até então realizado, a observação das experiências de outros<br />
países, o conhecimento do estágio de capacitação <strong>tecnológica</strong> de diversos grupos<br />
universitários e as reflexões sobre a importância social, estratégica e econômica<br />
1 Estatísticas publicadas no Boletim da Capre, v. 2, n. 3, jul-set 1974.