vera dantas guerrilha tecnológica - MCI
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foi adquirido pelo governo do Estado de São Paulo, em 1957: um Univac-120 para<br />
calcular o consumo de água na capital. Equipado com 4.500 válvulas, fazia 12 mil<br />
somas ou subtrações por minuto e 2.400 multiplicações ou divisões, no mesmo tempo<br />
No setor privado, o primeiro computador, um Ramac 305 da IBM, foi comprado em 1959,<br />
pela Anderson Clayton. Dois metros de largura, um metro e oitenta de altura, com<br />
mil válvulas em cada porta de entrada e saída da informação, ocupava um andar<br />
inteiro da empresa. A unidade de disco, com 150 mil bytes de capacidade e um único<br />
braço de acesso, tinha dois metros de altura, exibindo-se em uma redoma de vidro.<br />
Levava cinco minutos para procurar uma informação. A impressora operava à espantosa<br />
velocidade de 12,5 caracteres por segundo. 2<br />
O presidente Juscelino Kubistchek deu um grande impulso à utilização dos<br />
computadores no governo. Em 1958, autorizou a criação de um grupo de trabalho<br />
destinado a estudar a possibilidade de utilizar tais máquinas no cálculo e na<br />
distribuição dos recursos financeiros de seu Plano de Metas, destinado a fazer o<br />
Brasil "crescer 50 anos em cinco". A criação do grupo de trabalho lhe foi sugerida<br />
pelo secretário-geral do Conselho de Desenvolvimento Nacional, o economista Roberto<br />
de Oliveira Campos que aceitou as idéias do capitão-de-corveta Geraldo Maia, recémchegado<br />
de uma pós-graduação em engenharia eletrônica nos Estados Unidos, e<br />
convencido da importância e absoluta necessidade de o país utilizar computadores no<br />
momento em que pretendia dar um pulo em seu desenvolvimento.<br />
Em janeiro de 1959, o grupo de trabalho apresentou seu relatório, sugerindo<br />
medidas para incentivar a implantação de centros de processamento de dados no país,<br />
dentre elas a criação de um CPD do governo, destinado a preparar recursos humanos.<br />
Também propôs a formação de um grupo executivo de maior duração, dentro do Conselho<br />
Nacional de Desenvolvimento, nos moldes dos que já funcionavam para as indústrias<br />
automotiva (Geia) e de construção naval (Geicon).<br />
O Grupo Executivo para Aplicação de Computadores Eletrônicos (Geace) foi<br />
criado em 13 de outubro de 1959 para aprovar a concessão de benefícios à aquisição<br />
de computadores, principalmente isenções de impostos de importação e sobre produtos<br />
industrializados. Enquanto funcionou, o Geace aprovou as importações dos<br />
computadores B205, da Burroughs, para a Pontifícia Universidade Católica do Rio de<br />
Janeiro - PUC-RJ -, Univac 1103 para o Instituto Brasileiro de Geografia e<br />
Estatística - IBGE - e Gama, da Bull, para a empresa Listas Telefônicas<br />
Brasileiras. O Geace promoveu, ainda, a realização, pela primeira vez no Brasil, de<br />
um Simpósio sobre Computadores Eletrônicos, em abril de 1960, no auditório do<br />
Ministério da Educação, no Rio. Com a chegada de Jânio Quadros à Presidência da<br />
República, o Geace foi extinto, por solicitação própria, pois considerou cumpridas<br />
as suas finalidades. De fato, embora o novo governo tenha anulado o decreto de<br />
criação do CPD, as compras dos três computadores iniciou um processo que não parou<br />
mais.<br />
O crescimento do mercado que se podia vislumbrar exigiria grande esforço das<br />
empresas fornecedoras, ampliando e renovando suas forças de vendas, então<br />
especializadas em máquinas tabuladoras, perfuradoras e classificadoras. Tornou-se<br />
necessário recrutar gente gabaritada e apta a instalar, operar e manter os novos e<br />
sofisticadas equipamentos. Orientada pela matriz, a filial brasileira da IBM, no<br />
início dos anos 60, passou a admitir engenheiros eletricistas e eletrônicos recémformados,<br />
para reforçar suas equipes de vendas e de manutenção. Em São Paulo, a<br />
tarefa coube ao gerente José Bonifácio Abreu Amorim. Como os demais técnicos de sua<br />
2 Informações obtidas em entrevistas ou do livro 20 anos de Sucesu São Paulo - Memória da<br />
Informática, produzido e editado pela Poitou Produções Artísticas Ltda e pela Sucesu —<br />
Sociedade dos Usuários de Computadores e Equipamentos Subsidiários (São Paulo), 1987.