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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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Creio que tanto a 'descrição' quanto a solução servem bem ao Brasil. Neste<br />

caso, o Serpro poderia servir de núcleo à Comissão, da qual fariam parte o<br />

Ministério do Planejamento (orçamento), Fazenda e Banco Central (licenças de<br />

importação etc), pelo menos.<br />

Gostaria de conhecer sua opinião."<br />

A iniciativa não teve maiores conseqüências. As conversas entre Flanzer,<br />

Pelúcio e Olinto, sim. Em meados de 1971, o secretário-geral encomendou ao diretor<br />

do IBI um trabalho contendo projeções de mercado nos anos seguintes e sugerindo<br />

medidas para a formulação de uma política para o setor.<br />

No dia 8 de dezembro de 1971, Olinto entregou a Flanzer, em folhas com o<br />

timbre do Gabinete da Presidência do IBGE, o seu Esboço de Plano Nacional para a<br />

Computação Eletrônica. Pela primeira vez, um documento informou a dimensão do<br />

parque de computadores no país: "cerca de" 600 máquinas, sendo 75% da IBM, 20% da<br />

Burroughs e 5% de outros fabricantes. Enquanto o mercado mundial crescia à razão de<br />

20% ao ano, Olinto estimou para o mercado brasileiro, no triênio 72/74, um<br />

crescimento anual de 30%. Assim, o valor do parque instalado, de 60 milhões de<br />

dólares em 1971, deveria chegar, em 1974, a 103,7 milhões. Diante desses números,<br />

os gastos com a mão-de-obra empregada nas atividades de manutenção de programas,<br />

operação de equipamentos e no desenvolvimento de software se elevariam de 90,9<br />

milhões de dólares, em 1972, para 133,9 milhões, em 1974. Somando equipamentos e<br />

pessoal, o país deveria gastar um total de 650 milhões de dólares no triênio 72/74.<br />

Deste montante, a metade destinar-se-ia a importações ou pagamento às subsidiárias<br />

de empresas estrangeiras no Brasil. Olinto situou o mercado brasileiro entre meio e<br />

um por cento do mercado mundial, estimado entre 40 e 50 bilhões de dólares,<br />

distribuídos pelos Estados Unidos com 65%, Europa com 25% e "outros" com 10%.<br />

A conclusão do estudo era uma só: "por se tratar de um instrumento vital ao<br />

desenvolvimento sócio-econômico do país e pelo elevado valor de seu mercado, o<br />

setor computacional carece de uma planificação que estabeleça as suas diretrizes e<br />

metas no contexto nacional." Propunha três metas, a primeira das quais era a autosuficiência<br />

na fabricação de hardware, que deve ser "entendida como aquisição de<br />

know-how de fabricação e não auto-suficiência de produção", porque as complexas<br />

tecnologias e avançados conhecimentos necessários à construção de um computador,<br />

então desconhecidos no país, "devem ser amadurecidos dentro do nosso meio, para que<br />

não fiquemos a mercê de know-how externo". Noutras palavras, Olinto não sugeria a<br />

simples implantação de linhas de montagem de fabricantes estrangeiros no país, mas<br />

uma política de efetiva transferência e desenvolvimento de tecnologia. As duas<br />

outras metas referiam-se à otimização e racionalização do uso de máquinas e de<br />

software nos organismos governamentais.<br />

Para alcançar tais metas, Olinto propôs ao secretário-geral do Miniplan a<br />

criação de uma comissão, no âmbito do governo federal, que além de traçar um "Plano<br />

Nacional para a Computação Eletrônica", acompanhasse o desenvolvimento do projeto<br />

BNDE-Marinha, incentivasse as subsidiárias das multinacionais a fabricar<br />

componentes e unidades de processamento no país, realizasse levantamentos dos<br />

computadores instalados nos governos federal e estaduais, emitisse pareceres sobre<br />

novas aquisições e estabelecesse um plano de treinamento intensivo, em todos os<br />

níveis, das técnicas computacionais.<br />

Entregue o documento, Flanzer não fez mais qualquer comentário sobre o<br />

assunto. Poucos dias depois, Olinto teria uma grande surpresa.

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