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vera dantas guerrilha tecnológica - MCI

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há outra saída. Ou deixa o projeto andar, ou então corre para apresentar o seu,<br />

atropelando o processo." E tratou de mandar um recado para Cristina, através de<br />

Paulo Abreu: "Não negocie nada, em hipótese nenhuma. Se pedirem para retirar o<br />

projeto, não atenda, pois o Executivo está encurralado e tem que tomar uma<br />

iniciativa. Ou faz outro projeto melhor do que esse ou então abre combate."<br />

Poucos dias depois, foi a vez de Arthur receber um recado de Cristina: um<br />

emissário da SEI a procurara para negociar mudanças no projeto. Menos mal.<br />

O projeto cumpriu todo o ritual de passagem pelas comissões antes de ir ao<br />

plenário. Em 3 de maio, o relator, deputado Pimenta da Veiga (PMDB-MG), concluiu<br />

seu parecer, afirmando estar tratando de um dos projetos de maior importância entre<br />

os que já foram apresentados à Casa: "Se aprovado, garante à incipiente indústria<br />

brasileira de informática uma possibilidade de sobrevivência, com o desenvolvimento<br />

de tecnologia nacional que nos proporcione, em prazo não muito longo, uma<br />

fundamental independência científica neste campo vital."<br />

O projeto de Cristina estava pronto para ir ao plenário. Mas em 30 de julho, o<br />

presidente Figueiredo encaminhou ao Congresso o projeto do Executivo.<br />

O projeto do Executivo enfrentou mais indas e vindas, emendas, conchavos,<br />

acordos, versões que o de Cristina Tavares, tramitando nas comissões da Câmara. Ao<br />

todo, foram 30 minutas, escritas e reescritas pelo consultor jurídico da SEI,<br />

Raimundo Noronha, em meio a divergências entre o órgão e o Conselho de Segurança<br />

Nacional. O pomo da discórdia girava em torno da explicitação ou não em lei do<br />

conceito de reserva de mercado. Esta seria uma dúvida que atravessaria todo o<br />

processo legislativo.<br />

O general Danilo Venturini sempre se disse contra a explicitação. Estudando as<br />

políticas de informática de outros países, concluiu que todos praticam algum tipo<br />

de reserva de mercado mas de forma dissimulada. O Brasil, ao contrário, explicitara<br />

a sua. Mas, ao dar à Política uma base legal mais duradoura, não deveria amarrá-la<br />

a um instrumento transitório, ainda por cima, alvo fácil de pressões externas.<br />

"Precisamos dourar a pílula", costumava a dizer.<br />

Não era a opinião, nem de Joubert, nem de Dytz. Embora também fossem<br />

contrários a que se colocasse com todas as letras a reserva de mercado, defendiam a<br />

inclusão de algum instrumento que permitisse ao governo adotar medidas de proteção<br />

à indústria nacional de informática. Desde quando, no correr de 1983, Noronha<br />

começou a trabalhar nas primeiras versões, foi esta a orientação que seguiu. Seu<br />

trabalho foi apresentado ao Conselho em janeiro de 1984. Centrava o conceito de<br />

empresa nacional na autonomia <strong>tecnológica</strong>, considerando secundário, sem deixar de<br />

ser necessário, o controle do capital por brasileiros. Autonomia <strong>tecnológica</strong> foi<br />

definida como a capacidade de a empresa decidir que tecnologia usar, podendo ou não<br />

adquiri-la de fontes externas.<br />

Venturini submeteu o projeto a todos os chefes de seção do CSN e formou um<br />

grupo chefiado pelo capitão-de-mar-e-guerra Mauro César Pereira, para estudá-lo e<br />

revê-lo. Mauro tinha passado: formou-se em engenharia eletrônica em Stanford e<br />

substituiu Guaranys no GTE, participando de negociações com a Fujitsu, embora sem<br />

ter chegado a perceber a real dimensão daquele momento embrionário. Agora, à frente<br />

do grupo do CSN, seguiu a orientação de Venturini, o que resultaria em acalorados<br />

debates com os oficiais da SEI, emperrando o andamento do projeto.<br />

Para ajudar o grupo, Venturini convocou membros da Consultoria Geral da<br />

República e o embaixador brasileiro junto ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio -

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