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Anais do I- EEL - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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REVELL – Revista <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Literários da UEMS, Ano 01, número 1. ISSN: 2179-4456<br />

Segun<strong>do</strong> Wittgenstein, o trabalho essencial da linguagem é afirmar ou negar fatos.<br />

Portanto, importam-lhe as condições que teria que cumprir uma linguagem logicamente<br />

perfeita, em que uma sentença “signifique” algo bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Pois para que se afirme certo<br />

fato, <strong>de</strong>ve haver algo em comum entre a estrutura sentença e a estrutura <strong>do</strong> fato. Mas o que há<br />

em comum entre e sentença e o fato, Wittgenstein sustenta, não po<strong>de</strong> por sua vez, ser dito na<br />

linguagem. Po<strong>de</strong> em sua terminologia, ser mostra<strong>do</strong>, pois o que se queira dizer precisará<br />

também ter a mesma estrutura, a mesma figuração lógica. O que para Wittgenstein seria<br />

impossível, pois o que se exprime na linguagem, esta não po<strong>de</strong> representar, não po<strong>de</strong> exprimir<br />

por meio <strong>de</strong>la. Vê-se claramente que Wittgenstein quer abolir a metafísica, ou melhor, o<br />

discurso metafísico, isto é, a tentativa <strong>de</strong> dizer o que se mostra, mas não abolir a arte, a moral,<br />

os <strong>do</strong>mínios da linguagem humana que “mostram” sem pretensão <strong>de</strong> dizer algo verda<strong>de</strong>iro ou<br />

falso.<br />

Com efeito, a eliminação das afirmações metafísicas <strong>de</strong>sejada por Wittgenstein, no<br />

Tratactus-lógico-philosóphicus, é agora realizada nas Investigações Filosóficas <strong>de</strong> diferentes<br />

formas, sen<strong>do</strong> a principal, o esclarecimento das regras <strong>do</strong>s diferentes tipos <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong><br />

linguagem. Po<strong>de</strong>mos concluir, então, que o objetivo <strong>de</strong> Wittgenstein em as Investigações<br />

Filosóficas é pareci<strong>do</strong> com o <strong>do</strong> Tratctus. Quer dizer, as afirmações metafísicas <strong>de</strong>vem<br />

<strong>de</strong>saparecer para que possamos ver o mun<strong>do</strong> corretamente e viver melhor. Ressaltan<strong>do</strong> que<br />

Wittgenstein, com a noção <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> linguagem não quer introduzir um relativismo.<br />

É verda<strong>de</strong>, que com a noção <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> linguagem, Wittgenstein está propon<strong>do</strong><br />

salvaguardar um lugar para arte, para a literatura, para a música e também para outros mo<strong>do</strong>s<br />

artísticos <strong>de</strong> se expressar. Pois essas são práticas que se dão através da linguagem, mas que não<br />

querem se comprometer em ter um valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, não são feitas para serem postas em<br />

prova. Wittgenstein sugere, da<strong>do</strong> o entendimento <strong>de</strong> que a linguagem não expressa com<br />

precisão momentos da realida<strong>de</strong>, que essa é sua limitação, e o conhecimento <strong>de</strong> sua limitação é<br />

o que nos permite falar sobre o que quisermos, ainda mais quan<strong>do</strong> não temos pretensão <strong>de</strong> dar<br />

mo<strong>de</strong>los explicativos da realida<strong>de</strong> – <strong>de</strong> fazer ciência.<br />

É o que se verifica no romance A paixão segun<strong>do</strong> G.H: o entendimento da personagem-<br />

narra<strong>do</strong>ra sobre a limitação da linguagem é evi<strong>de</strong>nte na passagem <strong>do</strong> livro, em que a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> G. H. <strong>de</strong> aproximar-se <strong>do</strong> que é uma barata, <strong>de</strong> regressar a um esta<strong>do</strong> primitivo, originário<br />

que faz com que a personagem seja lançada para fora <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> humano, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-a na<br />

“borda da vida”, com a consciência <strong>de</strong> que narrar sua experiência não engloba o fato vivi<strong>do</strong>. O<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> encontrar o que resta <strong>do</strong> homem quan<strong>do</strong> a linguagem se esgota, é o que move a<br />

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